Dados do Trabalho

Título

Pseudomelanosi duodenalis em paciente com neoplasia maligna de mama: um relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso: Paciente sexo feminino, 62 anos, com diagnóstico de câncer de mama, portadora de insuficiência cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, hipotireoidismo e dislipidemia. Faz uso diário de ácido acetilsalicílico, rosuvastatina, ezetimiba, fenofibrato, nitrato, bisoprolol, hidralazina e amiodarona. Realizou Endoscopia Digestiva Alta (EDA) devido à queixa de dispepsia, com predomínio de empachamento pós-prandial, que identificou pontilhado enegrecido na região de bulbo duodenal e segunda porção duodenal, conferindo aspecto "tigroide" da mucosa e à magnificação "near-focus", observou-se pigmento enegrecido nas pontas das vilosidade duodenais, compatível com suspeita de pseudomelanosis duodenalis. Optado por realizar biópsias amostrais para confirmação diagnóstica e para afastar diagnósticos diferenciais como melanoma metastático, devido ao histórico de câncer (CA) de mama e a associação conhecida na literatura da maior incidência de melanoma em pacientes com CA de mama. A amostra anatomopatológica demonstrou acúmulo de macrófagos pigmentados na lâmina própria, de aspecto acastanhado, confirmando o diagnóstico de Pseudomelanosis duodenalis.

Discussão: A pseudomelanosis duodenal (PD) é um achado benigno e raro na EDA, mais comum em mulheres idosas, que foi descrita primeiramente em 1976 e apresenta-se com pigmentação anormal, geralmente enegrecida, do duodeno. Sabe-se que o pigmento trata-se predominantemente de sulfeto ferroso (FeS) com pequenas quantidades de outros elementos. A característica da deposição pigmentar é apresentada em pontilhado preto apenas no ápice das vilosidades do duodeno, a qual deve ser confirmada na histologia e microscopia como acúmulo de partículas de sulfeto ferroso e outras substâncias, na lâmina própria dos macrófagos presentes na mucosa. Diversas comorbidades e fármacos parecem estar envolvidos no surgimento da PD, mais frequentemente associada a doenças crônicas e ao uso de anti-hipertensivos (ex. hidralazina), além do consumo de sulfato ferroso oral no tratamento da anemia.
Comentários Finais: Apesar do aspecto endoscópico típico da pseudomelanose duodenal, a confirmação anatomopatológica é de suma importância, principalmente no contexto de pacientes com neoplasias, no intuito de excluir o melanoma que pode ter incidência aumentada em alguns tipos de câncer.