XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

O Resultado do Transplante Hepático Medido pela Sobrevida por Intenção de Tratar

Resumo

Introdução - A medida da sobrevida tem sido utilizada para aferir a qualidade dos serviços de transplante (tx) hepático. Entretanto, aos candidatos inscritos em lista o resultado inclui a oportunidade de alcançar o tx. Apresentamos a sobrevida por intenção de tratar (ITT) de pacientes (pcts) inscritos e as características dos que evoluíram para óbito antes do tx. Nesta modalidade de análise, além da performance da equipe transplantadora também está incluída a eficiência da doação de órgãos nos resultados do serviço de tx.

Método - Foi estudada a evolução de 177 pcts inscritos em lista de espera de jan 2016 a fev 2022. Dados clínicos, demográficos e da hepatopatia foram coletados para análise do risco de mortalidade em lista. Pcts foram divididos em Grupo Transplantado (GT) e Grupo Não Transplantado (GNT) para fins de comparação da sobrevida em até 1 ano pós inscrição.

Resultados - Os pcts tinham idade mediana de 55,6 anos (IIQ 20,4), com predomínio do sexo masculino (61,6%). A mediana do MELD calculado à inscrição era 20,0 (IIQ 8) e o MELD final no desfecho (tx ou óbito) foi de 22 (IIQ 11) (p<0,001). A evolução dos inscritos foi para tx (n=145, 81,9%), óbito pré-tx (n=17, 9,6%), contra-indicação ao tx (n=3, 1,7%), melhora clínica (n=2, 1,1%) e permanência em lista (n=10, 5,6%). Os casos foram agrupados em GT (n=145, 81,9%) e GNT (n=32, 18,1%). Sobrevida por ITT em 6 meses de GT foi superior ao GNT (p<0,001). Comparando GT e GNT, não houve diferença na idade (p=0,992), sexo (p=0,14), MELD inicial (p=0,259) ou MELD final (0,205) dos pcts. No entanto, quando foram comparados pcts que faleceram (Obtpre) com os que transplantaram, o MELD inicial (25, IIQ 15 vs 20, IIQ 8) e final (33, IIQ12 vs 22, IIQ 10) foram mais elevados entre os que faleceram (p=0,019 e p<0,001, respectivamente). O intervalo de tempo entre inscrição e o desfecho para Obtpre ou Tx não foi diferente (p=0,142). A sobrevida de 30, 60, 180 e 365 dias, a partir da inscrição (n=177), foi 85%, 81%, 72% e 69%, enquanto a sobrevida pós tx (n=145) foi de 92,4%, 91,7%, 81,4% e 77,7%, respectivamente (p<0,001). O diagnóstico de indicação não influenciou na chance de tx. Mulheres tiveram 33 vezes mais chance de Obtpre (p<0,001).

Conclusão - A sobrevida ITT é nitidamente inferior à sobrevida aferida pós tx. A chance de Obtpre esteve ligada ao sexo feminino e a MELD inicial elevado. A oferta de órgãos não foi suficiente para contemplar, a tempo, pcts que já se apresentam mais graves à inscrição.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Agnaldo Soares Lima, Ana Flávia Passos Ramos, Eduardo Nacur Silva, Leandro Ribeiro Carvalho Fonseca, Julia Faria Campos, Victor Gaudência Santos Caminhas, Bernardo Couto Ferreira, Marcella Lourenço Winter, Jessica Lemos Ramos Antunes