Dados do Trabalho
Título
Terapias endoscópicas combinadas para tratamento de deiscência gastrointestinal após cirurgia bariátrica
Resumo
A obesidade é uma doença crônica com incidência e prevalência crescentes, e a cirurgia bariátrica continua sendo a terapia mais eficaz e duradoura. No entanto, complicações como vazamentos e fístulas podem ocorrer em cerca de 0,5 a 5,3% dos pacientes. O tratamento dessas condições é desafiador e inclui quatro princípios fundamentais: tratamento sistêmico, drenagem, tratamento de fatores relacionados e fechamento do defeito. Neste vídeo, descrevemos o uso de múltiplas terapias para tratar complicações complexas da cirurgia bariátrica, demonstrando o mecanismo de ação de cada abordagem.
Descrição do caso
Mulher de 50 anos com obesidade classe II foi submetida a gastrectomia vertical laparoscópica. No quarto dia de pós-operatório apresentou fístula localizada no ângulo de His. Foi realizada cirurgia revisional e, por complicações intraoperatórias, foram realizadas gastrectomia total e esplenectomia. Houve deiscência da anastomose esofagojejunal, sendo realizada drenagem externa.
A TC mostrou pneumoperitônio e coleção incontida. Realizamos endoscopia, que diagnosticou deiscência completa da anastomose, associada a grande coleção infectada. Neste ponto, realizamos terapia a vácuo endoscópica intracavitária, pois promove drenagem, clearence bacteriano, controle do edema, além de permitir macro e microdeformação, promovendo a angioneogênese.
Dez dias depois, houve redução na coleção e formação de tecido de granulação. A fluoroscopia demonstrou coleção confinada, sem vazamentos, e associamos o vácuo intraluminal para remodelar a anastomose e prevenir o refluxo. Obteve-se melhora clínica progressiva e, após 10 semanas, notou-se tecido de granulação exuberante, sem sinais de infecção, permitindo a retirada do vácuo e colocação de stent duplo pigtail para drenagem interna. Três dias depois, recebeu alta hospitalar e retornou para reavaliação após um mês. Identificou-se fechamento completo do defeito com estenose de anastomose. Dilatação endoscópica semanal foi realizada sem melhora, sendo colocado um Stent Metálico Totalmente Coberto. Além disso, realizamos injeção de esteróide através do stent no local da estenose semanalmente por 6 semanas. Após a remoção do stent, observou-se fechamento completo do defeito e ausência de estenose. Dilatação hidrostática periódica com balão foi realizada nos três meses seguintes para reduzir o risco de retorno da estenose. No seguimento de 6 meses, o paciente permaneceu assintomático, sem necessidade de procedimentos adicionais.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Alexandre Moraes Bestetti, Marco Aurelio Santo, João Remi de Freitas Junior, Bruno Salomão Hirsch, Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, Diogo Turiani Hourneaux de Moura