Dados do Trabalho
Título
FÍSTULA COLECISTOCÓLICA COMO CAUSA DE ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO
Trata-se de paciente do sexo masculino de 80 anos, que procurou o pronto atendimento com dor e distensão abdominal há 3 dias, parada de eliminação de gases e fezes. Negava febre. Ao exame físico observou-se abdome globoso, distendido, hipertimpânico, doloroso à palpação profunda e sem sinais de irritação peritoneal. Ao toque retal não havia massas ou sangue no reto. O paciente apresentava antecedentes de AVC, HAS e Colelitíase, e fazia uso de AAS.
Os exames laboratoriais constataram leucocitose, e o RT-PCR para COVID-19 foi negativo.
A tomografia do abdome e pelve mostrou aderência entre o ângulo hepático do cólon e a vesícula biliar, com imagem de corpo estranho em topografia de cólon sigmóide e acentuada distensão do cólon a montante. Não havia aerobilia.
Diagnosticado abdome agudo obstrutivo, foi indicada a laparotomia exploradora que permitiu o diagnóstico de obstrução do cólon sigmóide por cálculo biliar secundário a fístula Colecistocólica.
Durante a cirurgia observou-se lesão de sigmóide no local de impactação do cálculo, intensas e firmes aderências entre o ângulo hepático do cólon e a vesícula biliar e lesões de serosa de ceco devido à distensão local. Prosseguiu-se então com uma colectomia total associada a ileostomia terminal. Na loja da vesícula biliar havia intenso processo inflamatório e o ducto cístico não foi identificado, e logo não houve progressão da dissecção no hilo. O procedimento durou cerca de 5h e transcorreu sem intercorrências.
DISCUSSÃO
Fístulas Colecistocólicas são comunicações aberrantes entre a vesícula biliar e o cólon, resultantes de processo inflamatório crônico local.
Tais fístulas podem causar migração de cálculo biliar para o cólon, com possível impactação causando obstrução intestinal.
Esse tipo de Fístulas são menos frequentes que as fístulas para o intestino delgado. Seu diagnóstico é difícil, sendo observada em 0,1% das colecistectomias eletivas. Acometem principalmente indivíduos idosos e debilitados, e apresentam elevada morbidade. Não há consenso na literatura sobre o melhor tratamento desta condição.
COMENTÁRIOS FINAIS
Salienta-se com este relato a falta de consenso acerca da melhor forma de se tratar as Fístulas Colecistocólicas, seja através enterectomias, colectomias ou evacuação manual. Logo, o tratamento deve ser ajustado de acordo com o tipo de fístula, levando-se em conta a condição da cavidade abdominal e o estado geral do paciente, com o objetivo de minimizar potenciais complicações.
Área
Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares
Autores
Breno Cordeiro Porto, Roger Beltrati Coser, Caroline Miwa Teruya, Raphael Guedes Povoa, Nathalia Satoo Demian Ferreira, Nídia Pinheiro Oliveira Silva, Cláudio José Caldas Bresciani