XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Acometimento esofágico em pacientes com dermatoses bolhosas: Análise demográfica em Hospital Terciário de São Paulo - Brasil.

Resumo

Introdução: As dermatoses bolhosas (DB) são doenças crônicas imunomediadas, raras, com amplo espectro de acometimento e de difícil manejo terapêutico. Dentre as DB que envolvem mucosa, destacam-se epidermólise bolhosa adquirida (EBA), penfigóide de membranas mucosas, pênfigo vulgar e pênfigo paraneoplásico. Elas são mais frequentes entre a quarta e quinta décadas de vida e predominam no sexo feminino. A etiologia é multifatorial e inclui genética, etnia, exposição ambiental e medicações. O diagnóstico é feito através do exame clínico, análise histopatológica e coloração de imunofluorescência direta de biópsia de pele e/ou mucosa. Na maioria dos casos, as manifestações clínicas iniciam com lesões orais, mas pode haver envolvimento de mucosa esofágica, genital, conjuntival e de vias aéreas superiores. A prevalência de acometimento esofágico é variável entre as populações e predomina em mulheres de meia-idade. Uma vez que o sintoma de disfagia pode estar presente tanto em lesões orofaríngeas quanto esofágicas, a endoscopia digestiva alta (EDA) torna-se importante para esta avaliação já que as lesões bolhosas no esôfago, quando não tratadas adequadamente, podem evoluir com sinéquias levando a estenose do órgão.
Objetivo: Identificar a prevalência de lesões esofágicas em pacientes com dermatoses bolhosas submetidos a EDA.
Método: Estudo observacional e retrospectivo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo com 35 pacientes portadores de DB acompanhados no ambulatório de Dermatologia e que foram encaminhados a realização de EDA por queixa de disfagia, para avaliação de acometimento esofágico da doença.
Resultados: Houve predomínio do sexo feminino (54%) e idade média de 56,8 anos. As DB mais prevalentes foram a EBA (54%), penfigóide de membranas mucosas (20%) e pênfigo vulgar (14,3%), o que se mostra discordante com a literatura, onde a EBA é uma das dermatoses mais raras. As lesões esofágicas foram encontradas em 21 pacientes (60%), sendo no esôfago proximal a sua totalidade (100%) e se correlacionaram com lesão de hipofaringe em 50% dos casos. A EBA foi a dermatose que mais apresentou lesões esofágicas (74%) em comparação ao restante (44%). Sete pacientes (20%) precisaram de dilatação esofágica por estenose.
Conclusão: Os pacientes com DB podem apresentar lesões esofágicas mesmo sem lesões orofaríngeas ou sintomatologia clara e portanto devem ser submetidos à EDA para esclarecimento diagnóstico e prognóstico.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Davi Viana Ramos, Ana Luiza Werneck-Silva, Mariana de Lira Fonte, Alessandra Rita Assayama Rossini, Denise Miyamoto, Claudio Lyoiti Hashimoto