XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ESOFAGITE HERPÉTICA APÓS IMUNIZAÇÃO PARA COVID-19 EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Homem, 44 anos, procurou pronto atendimento por dor torácica, vômitos e disfagia baixa para sólidos e líquidos há 5 dias. Sem antecedentes patológicos, tabagismo, etilismo ou medicações de uso recente. Recebeu primeira dose da vacina BNT162b2 (Pfizer BioNTrch) 2 dias antes do início dos sintomas. Exame físico normal. Devido à incapacidade de ingesta alimentar, optado por internação e endoscopia digestiva alta (EDA). Evidenciou-se esofagite erosiva Grau D de Los Angeles, com abaulamento extrínseco do fundo gástrico, sendo feitas biópsias da esofagite. Em tomografia de abdome, identificou-se nódulo sólido na região subfrênica esquerda de 2.2 cm, circunscrito, compatível com abaulamento visto na EDA. Sorologias negativas para Herpes tipo 2, HIV, CMV e hepatites virais, mas evidenciaram contato prévio para Herpes Simples tipo 1. Prescrito inibidor de bomba de prótons (IBP) em dose dobrada, com melhora do quadro disfágico, optando-se por alta hospitalar. Em retorno ambulatorial após 1 mês, paciente estava assintomático em uso de IBP, com imuno-histoquímica das biópsias compatível com herpes simples. Como paciente era imunocompetente e estava sem queixas, não foi prescrito antiviral. Optou-se por manter o IBP por mais 60 dias e repetir a EDA e TC de abdome, que mostraram resolução das lesões. Suspenso IBP, sem recidiva dos sintomas. Paciente recebeu a segunda dose da mesma vacina, sem novas intercorrências. DISCUSSÃO: Consta na literatura a associação de imunizações com reativações virais. A reativação do herpes vírus pode ocorrer devido a falhas na imunidade pela resposta do hospedeiro à vacina. Alguns relatos identificaram associação da vacinação para COVID-19 à reativação do herpes vírus, com manifestações cutâneas e oculares. Nosso paciente não possuía outros fatores desencadeantes e a temporalidade da imunização com o início do quadro favorece esta provável correlação. A esofagite herpética é rara em indivíduos imunocompetentes, geralmente autolimitada e nem sempre demandando tratamento viral específico neste perfil de paciente. COMENTÁRIO FINAIS: Diante da ausência de imunocomprometimento, da correlação temporal e dos dados publicados em literatura, consideramos este quadro de esofagite por herpes simples secundário à reativação após imunização para COVID-19. De toda forma, trata-se de uma reação adversa rara e que não contraindica a vacinação, uma vez que esta propicia inúmeros benefícios para a saúde pública e individual.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Lohrane Rosa Bayma, Felipe Ferreira Ribeiro Souza, Julia Carvalho Andrade, Lucas Fortes Portela Ferreira, Maria Josefina Viteri, Matheus Spadeto Aires, Raquel Yumi Sakamoto, Rafael Bandeira Lages, Tomas Navarro Rodriguez