XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HEMORRAGIA SUBCONJUNTIVAL ASSOCIADO AO USO DE USTEQUINUMABE – Reação adversa rara

Resumo

INTRODUÇÃO: Paciente sexo feminino, 34 anos, com diagnóstico de doença de Crohn (DC) desde 2017, fenótipo estenosante e localização ileocolônica, em uso de terapia convencional, admitida por episódios recorrentes de suboclusão intestinal com necessidade de internação hospitalar e boa resposta com corticoterapia. No reestadiamento da doença, ileocolonoscopia evidenciou úlcerações confluentes, em íleo, com subestenose ileal, e anatomopatológico com ileíte ulcerativa. Optado pela introdução de terapia biológica com ustequinumabe. Após um mês do início da medicação, paciente evoluiu com hemorragia subconjuntival (hiposfagma), seguido de mais dois episódios nos dois meses subsequentes. Avaliada por cardiologia, hematologia e oftalmologia, que não detectaram outras patologias potencialmente implicadas com o quadro. Atribui-se o quadro de hiposfagma como reação adversa associada ao ustequinumabe e optou-se por suspender a medicação e iniciar adalimumabe (ADA). Nos três meses subsequentes à introdução de ADA, paciente evoluiu com remissão clínica e laboratorial, sem novos episódios de hiposfagma. DISCUSSÃO: O ustequinumabe é uma medicação eficaz e segura no arsenal terapêutico da doença de Crohn moderada a grave. Dentre as reações adversas reportadas em bula e estudos, a hemorragia subconjuntival foi um evento muito raro, sendo descrito um caso em um indivíduo com doença de Crohn nos estudos fase 3. No caso descrito, a temporalidade com a introdução da droga e exclusão de outras etiologias para o quadro de hemorragia subconjuntival, bem como a resolução do quadro após suspensão da medicação sugere uma possível correlação ao ustequinumabe. CONCLUSÃO: Quando uma reação adversa ao medicamento ocorre com pouca frequência, é improvável ser detectada em ensaios clínicos pré-comercialização. No entanto, dados de vida real e farmacovigilância pós comercialização são de fundamental importância para a monitorização terapêutica continuada. É imprescindível que o médico reconheça e relate eventos adversos clinicamente significativos às autoridades regulatórias e ao fabricante do medicamento.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Lohrane Rosa Bayma, Raquel Yumi Sakamoto, Felipe Ferreira Ribeiro Souza, Julia Carvalho Andrade, Lucas Fortes Portela Ferreira, Maria Josefina Viteri, Matheus Spadeto Aires, Matheus Freitas Cardoso Azevedo, Karoline Soares Garcia