XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Melanoma hepático - um diagnóstico diferencial em cistos hepáticos complexos

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Feminino, 38 anos, sem comorbidades, encaminhado por lesão hepática volumosa. Não apresentava sinais de hepatopatia crônica, transaminases e enzimas canaliculares dentro dos valores de referência, níveis baixos de hemoglobina. Durante internação, realizados exames laboratoriais e de imagem, mostrando aumento da lesão, presença de líquido livre e perihepático, piora dos níveis de hemoglobina, sugerindo sangramento. Tomografia descreve volumosa lesão cística com áreas espontaneamente densas em seu interior, realce periférico heterogêneo, sugestiva de cistoadenoma e ressonância magnética do local de origem descrevia apenas lesão hepática volumosa, relacionada a cisto complexo. Foi então realizada hepatectomia direita e colecistectomia e encaminhada peça cirúrgica para Patologia. O exame imuno-histoquímico mostrou positividade forte e difusa para S100 e SOX10.
Com a suspeita de melanoma maligno levantada pela equipe de Patologia, a paciente foi submetida a avaliação dermatológica, oftalmológica e ginecológica, porém não foram encontradas lesões suspeitas de sítio primário de melanoma. No decorrer da internação, teve piora progressiva não possibilitando a realização de investigação adicional com endoscopia, colonocoscpia ou PET-CT. Evoluiu com carcinomatose peritoneal e foi a óbito 6 semanas após a hepatectomia.
DISCUSSÃO: Melanoma primário de fígado é uma entidade rara e pouco descrita. As dificuldades diagnósticas se apresentam desde a investigação inicial, que pode cursar com sintomas inespecíficos e dificuldade de diagnóstico por imagem. Além dos poucos relatos confirmados de melanoma primário de fígado, na literatura não há um padrão bem determinado que sugira fortemente a hipótese de melanoma hepático, sendo mais frequentemente indicada ressecção por suspeita de outras lesões hepáticas malignas.
COMENTÁRIOS: O melanoma maligno é uma entidade de comportamento extremamente agressivo e não há consenso no que se refere ao diagnóstico de melanoma primário do fígado, portanto relatos e descrições de casos podem ajudar a determinar aspectos radiográficos que indiquem um maior índice de suspeição para o melanoma hepático. O padrão-ouro é a avaliação histológica e imuno-histoquímica, mesmo assim, é prudente que na investigação inicial de lesões hepáticas, o planejamento (cirúrgico, farmacológico, expectante) leve em consideração os achados radiológicos para definir a melhor conduta.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Carina Yumi Takahashi, Danton Spohr Correa, Isabela Raquel Ferreira Bomfim, Lucas Vatanabe Pazinato, Murilo Moraes Carvalho, Pedro Henrique De Paiva Bertoli