Dados do Trabalho
Título
Soluços persistentes de difícil manejo - Relato de Caso.
Resumo
CASO: LRL, 41 anos, previamente hígido, iniciou quadro de soluços persistentes associado a disfagia
esofágica para sólidos em abril de 2017 com repercussão social e nutricional (adaptação da
consistência da dieta para pastosa e perda ponderal de 15% do peso basal). Iniciou
acompanhamento em serviço quaternário, com Endoscopia Digestiva Alta (EDA) evidenciando
esofagite erosiva intensa, com persistência dos soluços mesmo após tratamento com inibidor
de bomba de prótons (IBP) e evolução da esofagite para grau leve. Associado baclofeno,
gabapentina e clorpromazina, sem melhora significativa. Videodeglutograma com esôfago de
calibre aumentado, peristaltismo incoordenado e esvaziamento lento. Manometria esofágica
com hipotonia do esfíncter esofágico inferior e aperistalse de corpo esofágico. Internado para
investigação etiológica e manejo clínico em 2022, sendo optado, devido à refratariedade do
quadro, pela realização de radioscopia com bloqueio anestésico do nervo frênico a esquerda, com resolução completa dos soluços. Aguarda tratamento definitivo com estimulador de nervo.
DISCUSSÃO: Soluços são sintomas comuns, costumam durar menos de 48 horas e tendem a ter resolução
espontânea. Quando duram mais do que esse período, são chamados de persistentes e
geralmente são associados a doenças, sejam elas de origem estrutural, infecciosa ou
inflamatórias que afetam o sistema nervoso central ou periférico, especialmente nos nervos
vago e frênico e seus ramos. Soluços persistentes podem prejudicar o ato de beber, alimentar-
se, dormir ou conversar, impactando diretamente na qualidade de vida. Portanto, o
reconhecimento e tratamento adequado torna-se fundamental. Como opções farmacológicas
empíricas inclui-se, inicialmente, uso de IBPs. Caso os sintomas persistam, pode-se associar
metoclopramida, baclofeno, gabapentina ou, em casos mais graves e/ou refratários,
clorpromazina. Nos pacientes que são refratários à terapia medicamentosa, pode-se tentar
intervenções cirúrgicas, como ablação ou marca-passo de nervo frênico. O caso exposto relata
um paciente com soluços persistentes durante 5 anos, refratário a todas as terapias
medicamentosas, mas com excelente resposta ao bloqueio unilateral do nervo frênico.
CONCLUSÃO: Soluço persistente, apesar de raro, costuma associar-se a doenças orgânicas, sendo
fundamental a investigação etiológica e tratamento adequados para manutenção da saúde e
bem-estar do paciente. O bloqueio do nervo frênico deve ser uma solução temporária a ser considerada
nesses casos.
Área
Cirurgia - Esôfago
Autores
Diogo Delgado Dotta, Lucas Fortes Portela Ferreira, Ricardo Correa Barbuti, Sabrina Rodrigues de Figueiredo, Felipe Ferreira de Souza, Julia Carvalho de Andrade, Raquel Yumi Sakamoto, Lohrane Rosa Bayma, Maria Josefina Viteri, Matheus Spadeto Aires, Amanda Carvalho Almeida De Medeiros