XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

HEMOBILIA PÓS-TRAUMA: RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: Paciente do sexo masculino, 20 anos, comparece ao pronto socorro com relato de trauma contuso em velocidade de 80km/h. Admitido estável hemodinamicamente, com queixa de dor abdominal. Realizou tomografia (TC) de abdome que evidenciou grande quantidade de líquido livre, laceração hepática grau IV envolvendo segmento VII e VIII e hematoma intraparenquimatoso no pólo superior do rim direito. Optado por tratamento conservador, apresentando condições de alta hospitalar no 11º dia de internação. Cerca de 72hs após a alta hospitalar, retorna com queixa de dor intensa em hipocôndrio direito associada a hematêmese. Solicitada TC de abdome que evidenciou redução do hematoma intraparenquimatoso e ausência de blush de contraste. Revisão laboratorial mostrou hiperbilirrubinemia às custas de direta e queda hematimétrica. Submetido a endoscopia, sem evidência de sangramentos e CPRE, que evidenciou presença de coágulo na via biliar, sem sangramento ativo, com clareamento total da via biliar após o procedimento. Levantada hipótese de hemobilia e optado por tratamento conservador. Recorreu com hematêmese 24hs após readmissão hospitalar, realizando angiotomografia de abdome e arteriografia no mesmo dia, sem evidência de sangramento ativo. Mantida conduta conservadora, evoluindo com melhora progressiva do quadro, sem quedas hematimétricas, com resolução da hiperbilirrubinemia e sem novos sangramentos, recebendo alta hospitalar após 10 dias da readmissão para acompanhamento ambulatorial.
Discussão: Hemobilia descreve uma rara causa de hemorragia digestiva alta (HDA) que ocorre pela formação de hematoma ou fístula arteriobiliar. Costuma estar presente em apenas 3% dos casos de injúria hepática, sendo a manifestação clínica frequentemente ser tardia, aparecendo quatro a seis semanas após o evento.
A principal característica é a HDA associada a dor abdominal e icterícia. O tratamento deve ser direcionado à causa primária do sangramento, especialmente via arteriografia com embolização. Na falha de embolização pode ser realizada ligadura da artéria hepática com drenagem das vias biliares. A hepatectomia é realizada em casos selecionados, em especial quando etiologia tumoral ou traumática, na presença de grande destruição tecidual.
Comentários finais: O tratamento conservador é possível na presença de estabilidade hemodinâmica, particularmente quando arteriografia negativa, em centros de trauma com possibilidade de tratamento cirúrgico imediato se necessário.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Vitória Mikaelly da Silva Gomes, Luis Felipe Naves de Castro Sales, Paula Barros de Assunção, Ana Cecilia Assunção Borges