XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Apendagite epiplóica (AE): uma condição com duas abordagens

Resumo

CASO 1: Masculino, 35 anos, previamente hígido, admitido no serviço de cirurgia referindo dor abdominal contínua há 2 dias, de moderada intensidade, não associada a outros fatores e sem demais queixas. Exame físico (EF): bom estado geral (BEG), afebril, abdome plano, ruídos presentes, doloroso à palpação em fossa ilíaca direita. Sem herniações e sem peritonite. Exames laboratoriais normais. As hipóteses diagnósticas foram de apendicite e síndrome do intestino irritável. O paciente foi submetido a apendicectomia laparoscópica, sem o resultado de imagem em mãos. Posteriormente, a tomografia computadorizada (TC) evidenciou no cólon sigmóide, imagem com densidade de gordura medindo 1,9 cm, associado a densificação do tecido adiposo adjacente, compatível com apêndice epiplóico inflamado, confirmado pelo anatomopatológico. Apesar do tratamento, teve desfecho favorável.
CASO 2: Feminino, 37 anos, atendida no hospital com dor abdominal intensa há 3 dias, com piora progressiva em 24 horas. Nos antecedentes médicos, consta apendicectomia há 5 anos e cesariana há 1 ano. EF: BEG, abdome plano, flácido, ruídos presentes, doloroso à palpação em fossa ilíaca direita, sem sinais de peritonite. Hemograma com discreta leucocitose, BHCG negativo. O USG foi inconclusivo, complementado pela TC de abdome que evidenciou AE no ceco. Evoluiu com episódios de náuseas e piora da dor, sendo tratada com sintomáticos. A paciente obteve melhora, com resolução do quadro no 14º dia.
DISCUSSÃO:
O diagnóstico diferencial da AE inclui condições clínicas e cirúrgicas com alto potencial de complicações. Dentre eles, destaca-se a apendicite aguda, seguido de diverticulite, cisto ovariano hemorrágico roto e gravidez ectópica. Como diagnóstico da AE ocorre por imagem e se trata de entidade benigna, autolimitada e de resolução espontânea, a conduta terapêutica deve ser expectante, com administração de sintomáticos, como analgésicos e anti-inflamatórios. O reconhecimento desta afecção ganha especial importância por permitir a redução dos custos e da morbidade de uma cirurgia desnecessária. Caso haja complicações, indica-se a cirurgia, porém, quando em seguimento correto, essas lesões apresentam boa resposta ao tratamento conservador.
COMENTÁRIOS:
Os sintomas da AE são inespecíficos, levando a erros diagnósticos frequentes. Apresentamos 2 casos para destacar a AE como importante diagnóstico diferencial em casos de abdome agudo, crucial para evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Débora Gottardo Morello, Natália Gardênia Davanse Pieroni, Bruno de Souza Campos, Fernanda Gabriela Silva, Madalena Adami Gotardo, Bruna Rosa Silva, Guilherme Eler de Almeida, Tiago Alves de Moura