Dados do Trabalho
Título
Câncer gástrico com disseminação peritoneal: resultados cirúrgicos e oncológicos
Resumo
Introdução: O câncer gástrico (CaG) com carcinomatose tem prognóstico pobre. A quimioterapia convencional é pouco efetiva, acrescentando poucos meses de sobrevida. Já a ressecção cirúrgica tem eficácia discutível no contexto paliativo. Historicamente, ela foi recomendada como o melhor método de paliação no CaG, por especialistas e em estudos retrospectivos. Entretanto, resultados do estudo randomizado prospectivo REGATTA (cirurgia+quimioterapia vs quimioterapia), demonstraram que a ressecção não é benéfica no contexto paliativo, podendo ser recomendada em alguns subgrupos. O resultado cirúrgico especificamente nos pacientes com carcinomatose não está claro, e dados, especialmente ocidentais, são desejados.
Obejtivo: Analisar os resultados de pacientes com câncer gástrico e carcinomatose peritoneal e que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos.
Métodos: Análise retrospectiva e de uma única instituição, incluindo pacientes com CaG estágio IV devido a carcinomatose, sem outros fatores de incurabilidade ou metástases em outros sítios. Análise Kaplan-Meier foi utilizada para avaliar os resultados após gastrectomia, derivação (gastrojejunostomia com ou sem partição), jejunostomia e laparoscopia diagnóstica. Pacientes submetidos a gastrectomia curativa e estadio IV devido a quadro metastatico à distância foram utilizados para comparação.
Resultados: De 363 pacientes operados com estadio IV, 199 tinham carcinomatose. Comparados com os demais estadio IV, estes eram mais jovens, tinham escore ASA menor, receberam menos cirurgias de ressecção gástrica ou de derivação e tiveram maior mortalidade em 90 dias. Quando comparados a 680 pacientes que receberam gastrectomia curativa, os com carcinomatose eram mais jovens (p<0,001), tinham menos comorbidades (p=0,002), menor nível de hemoglobina e de albumina (p<0,001) e maior relação neutrófilo/linfócito (p<0,001). A sobrevida global para o estadio IV foi pior se carcinomatose: 8,4 vs 5,7 meses, p=0,001. Na presença de carcinomatose, aqueles submetidos a ressecção tiveram sobrevida maior (mediana em meses): 12,4 vs 3,6 (derivação) vs 2,6 (jejunostomia) vs 7,8 (diagnóstica). A sobrevida também foi melhor naqueles que receberam quimioterapia (9,8 vs 1,5 mo, p<0,001). A ressecção foi fator independente de melhor sobrevida.
Conclusão: Pacientes com CaG e carcinomatose corresponderam a 54,8% dos casos estadio IV. Eles possuem prognóstico ruim e a ressecção cirúrgica e a quimioterapia aumentam a sobrevida.
Área
Cirurgia - Estômago
Autores
Andre Roncon Dias, Marina Alessandra Pereira, Amir Zeide Charruf, Marcus Ramos, Luiz Carneiro D'Albuquerque, Ulysses Ribeiro Jr, Bruno Zilberstein