Dados do Trabalho
Título
COLEDOCOLITÍASE PRIMÁRIA 40 ANOS APÓS COLECISTECTOMIA - RELATO DE CASO
Resumo
Paciente de 86 anos, sexo feminino, há 2 semanas com presença de dor intermitente em epigástrio e hipocôndrio direito com irradiação para região dorsal em associação com náuseas e vômitos, principalmente após se alimentar. Há 1 semana do surgimento da dor abdominal, relatou ter observado aparecimento de icterícia, prurido difuso e acolia fecal. Apresentava histórico de colecistectomia prévia há 40 anos. Ao exame físico, apresentava icterícia, febre e abdome doloroso à palpação profunda em hipocôndrio direito, sem outras alterações. Trazia exames laboratoriais, realizados 2 dias antes da admissão, que evidenciaram leucocitose, aumento das enzimas canaliculares, bilirrubina total aumentada às custas de direta, aminotransferases alteradas e lipase normal. A colangio-RM evidenciou cálculos no colédoco distal de 0,9cm e 0,8cm, dilatação do ducto hepatocolédoco e ectasia da via biliar intra-hepática esquerda. Foi submetida a CPRE com hepatocolédoco com calibre de 1,2cm, com falhas de enchimento, realizado papilotomia convencional e exploração com balão extrator com saída de 2 cálculos e lama biliar, sem intercorrências. Dentre os principais fatores de risco para coledocolitíase primária podem ser incluídos: idade avançada, sexo masculino, divertículo peripapilar, hipotireoidismo e anormalidades do ducto biliar. Estudos demonstraram que em 80% dos casos, a coledocolitíase pós-colecistectomia vai ocorrer nos primeiros 3 anos após o procedimento cirúrgico. Apresentações mais tardias, geralmente estão relacionadas a migração de clipes cirúrgicos, funcionando como um foco de infecção para formação de cálculos. Existem poucos casos na literatura de apresentação tardia com cálculos puramente originados do colédoco ou das vias intra-hepáticas. A apresentação típica do quadro vem associada a colangite, como foi observado no presente caso. Foi apresentado um caso raro de coledocolitíase primária em paciente com colecistectomia prévia. De acordo com a revisão de literatura realizada, tal caso se encontra como o terceiro caso descrito na literatura com um período maior que 30 anos após colecistectomia, se encontrando em segundo lugar em relação a maior latência de apresentação. Apesar da raridade de tal entidade, é importante estar alerta com a possibilidade de coledocolitíase primária vários anos após colecistectomia. Portanto, é necessário identificar possíveis fatores contribuidores e não descartar tal diagnóstico precocemente devido ao potencial de complicações.
Área
Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares
Autores
Erica Uchoa Holanda, Levi Goyanna de Moura, Vitória Jannyne Guimarães de Sousa Araújo, Lucas Costa Simões, Nicole Leopoldino Arrais, Erico de Carvalho Holanda