XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: Fístula entero-atmosférica após retossigmoidectomia por neoplasia de sigmoide

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente, sexo masculino, 60 anos, submetido à retossigmoidectomia oncológica devido a tumor de sigmoide (T3N0M0) em 2020 e quimioterapia adjuvante em 2020/2021, com 2 reabordagens no pós-operatório (PO) com enteroanastomose e drenagem de abcesso em região epigástrica/periumbilical. Chega ao nosso serviço com queixa de dor abdominal e saída de secreção entérica pela ferida operatória (FO) há uma semana. Exame físico: regular estado geral, afebril, hipocorado, desidratado e confuso, ECG 13, FC 76 bpm PA 85x55 mmHg, abdome tenso, ruído hidroaéreo diminuído, doloroso à palpação, deiscência de ferida e bolsa de Karaya com secreção entérica: 550ml nas últimas 24 horas. Exames laboratoriais: PCR 257,9; NA 145; K 4,3; UR 92; CR 1,13; HB 7,6; HT 21,5; LEUCO 6400 (8% BAST). Foi realizada laparotomia exploradora, drenagem de abscesso e peritoneostomia a vácuo (PV). Foram encontradas 3 fístulas entero-atmosféricas (FEA): 1 em região epigástrica e 2 em região infraumbilical direita. Foram realizadas 7 trocas da PV, mantendo débito alto em UTI. Após um mês, com quadro respiratório grave, acidose respiratória e altas doses de drogas vasoativas, veio à óbito, sem medidas de resgate devido ao quadro irreversível no tratamento. DISCUSSÃO: A FEA é uma comunicação entre a luz intestinal e a superfície da ferida abdominal aberta e exige cuidados multidisciplinares que vão desde nutrição à controle da sepse. Das fístulas intestinais, 90% são de PO e continuam sendo uma das principais complicações da cirurgia do aparelho digestivo. A taxa de mortalidade varia entre 3-30% e a sepse não controlada é a principal causa de óbito. O diagnóstico é por extravasamento de conteúdo intestinal na FO ou dreno e por tomografia para definir a anatomia da fístula, presença de abcessos abdominais, coleções associadas ou obstrução intestinal. No tratamento podem ser utilizados curativos à vácuo e bolsa com pressão negativa para orientar o trajeto, proteger tecido adjacente e diminuir o débito. Mas se houver falha, pode-se adotar abordagem cirúrgica ou endoscópica com aplicação de stents, clipagem ou utilização de colas com fibrina. COMENTÁRIOS FINAIS: O caso aborda um paciente que chegou no serviço com prognóstico desfavorável por uma complicação cirúrgica com alta taxa de morbimortalidade. A terapia com curativo a vácuo e a bolsa-fístula mostraram-se como excelentes opções no tratamento da fístula, apesar de várias tentativas e abordagens, o desfecho foi desfavorável.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

ALEXANDRE AUGUSTO FERREIRA BAFUTTO, LUCIANO BATISTA MARTINS, RAFAEL CARVALHO FRANCO, MATHEUS DE PAULA SANTOS, LUIZ AUGUSTO GERMANO BORGES, BARBARA CUSTODIO RODRIGUES DA SILVA, CAMILA MARTINS DE ASSUNCAO, JULIA RAQUEL SILVA DO O, PAULA PACHECO KATOPODIS