XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO DE HIDATIDOSE DISSEMINADA NO INTERIOR DE RONDÔNIA: UMA APRESENTAÇÃO ATÍPICA.

Resumo

Jovem de 19 anos, sexo masculino, sem comorbidades foi admitido em serviço de urgência referindo dor abdominal de forte intensidade, difusa associada a náuseas e vômitos após um acidente com escada. Ao exame físico, dolorido à palpação profunda em todos os quadrantes, sinal de Rovsing positivo, negava febre ou outras queixas no momento. Todos os parâmetros laboratoriais mostraram valores normais e devido ao trauma foi solicitado exame de USG de abdômen total que revelou imagem sugestiva de cisto hepático unilocular com conteúdo anecóico uniforme e múltiplas massas heterogêneas de grandes dimensões na região epigástrica com moderada quantidade de líquido livre intraperitoneal na escavação pélvica, sendo realizado uma laparatomia exploratória de urgência e os achados intraoperatórios sugeriram hidatidose.
A partir disso, optou por realização de Enterectomia e Omentectomia da região dos cistos. A cavidade abdominal foi drenada e lavada com solução salina hipertônica (5%). O pós-operatório transcorreu sem intercorrências e o paciente recebeu alta após 10 dias, para seguimento do tratamento foi prescrito Albendazol 400 mg uma vez ao dia, iniciado logo após a cirurgia. O exame anatomopatológico confirmou a infecção por Echinococcus sp.
No retorno ambulatorial após 3 meses o paciente apresentava-se sem queixas, bom estado geral, em exame de TC ainda foram encontrados três grandes cistos com calcificação grosseira na região hepática e pequena coleção de fundo de saco, sendo mantido o tratamento medicamentoso por 2 anos e retorno a cada 6 meses.
A hidatidose disseminada é uma forma rara da doença, sendo responsável por cerca de 2% de todos os casos, a América do Sul representa um importante local de infecção do hospedeiro, sendo frequentemente negligenciada.
Nesse caso a da dor aguda e forte ocorreu com a ruptura dos cistos, que causou as manifestações clinicas. O diagnóstico da hidatidose é difícil, pois depende das manifestações clinicas e geralmente estas são inespecíficas necessitando de um alto grau de suspeição em casos de dor abdominal. O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica do cisto isoladamente ou em bloco e terapia com albendazol.
A hidatidose abdominal disseminada é uma apresentação rara da parasitose por Echinococcus. A doença deve ser considerada como um dos diagnósticos diferenciais do abdome agudo, pois o diagnóstico precoce e o manejo cirúrgico adequado são as chaves para evitar tal expansão e reduzir a morbimortalidade associada a doença.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Bruno Souza Campos, Any Cristhina Guedes Gotardi, Bruno Braga Palacio, Hendriw Souza Ribeiro, Elessandra M Silvestro