XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colangiocarcinoma intra-hepático e neoplasia mista (colangiocarcinoma – carcinoma hepatocelular) achado incidental no fígado transplantado: qual o significado?

Resumo

Introdução: A prevalência atual de colangiocarcinoma intra-hepático é de 5 a 10% e sua incidência vem aumentando. As neoplasias hepáticas mistas possuem componente de carcinoma hepatocelular (CHC) associado ao colangiocarcinoma e coexistem no mesmo nódulo. O prognóstico destas neoplasias com achado incidental no pós transplante hepático ainda não foi descrito em nosso meio.

Objetivos: Comparar a recorrência, mortalidade e sobrevida livre de doença dos pacientes com achado incidental de colangiocarcinoma intra-hepático e de neoplasia mista (colangiocarcinoma – CHC) com àqueles submetidos à transplante por CHC.

Método: Coorte histórica, retrospectiva. Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos, cuja indicação de transplante foi a presença de CHC, no período de 06/1997 a 07/2019. Foram excluídos os com dados de registro incompletos. O estudo foi aprovado pelo CEP. As variáveis contínuas foram analisadas através do teste t de Student e de Mann-Whitney; já as categóricas por teste de Pearson e de Fisher. Foram realizadas análises de variáveis pré- (maior nível de AFP, número e tamanho de nódulos) e pós-transplante hepático (inclusão nos critérios de Milão e São Francisco, grau de diferenciação tumoral e invasão microvascular). Os dados foram avaliados através de análise por propensity matching score (razão 1:8). Relevância estatística foi definida como p< 0,05.

Resultados: Foram incluídos 475 pacientes, a prevalência de neoplasia mista foi de 1,5% e a de colangiocarcinoma foi de 1,7% totalizando 3,2%. Não houve diferença estatística em relação à recorrência, mortalidade e sobrevida livre de doença, quando comparados os pacientes neoplasia mista com aqueles com CHC. Por outro lado, nos pacientes com colangiocarcinoma (comparados aos com CHC), a recorrência (46% vs 11%; P = 0.006) e a mortalidade (63% vs 23%; P = 0.002) foram maiores e a sobrevida livre de doença foi menor (38% vs 89%; P = 0.002) em relação às características pré transplante; bem como a recorrência (46% vs 23%; P = 0.083) e a mortalidade (63% vs 35%; P = 0.026) foram maiores no colangiocarcinoma e a sobrevida livre de doença (38% vs 59%; P = 0.037) menor em relação aos dados pós transplante.

Conclusões: No presente estudo, o achado incidental de neoplasia mista no explante hepático não foi associada à pior prognóstico. Por outro lado, o colangiocarcinoma intra-hepático foi associado à maior mortalidade, bem como menor sobrevida livre de doença e maior recidiva.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Matheus Vanzin Fernandes, Ajácio Bandeira de Mello Brandão, Santiago Rodriguez, Alfeu de Medeiros Fleck Jr, Cláudio Augusto Marroni, Alex Hörbe, Carlos Tadeu Cerski, Gabriela Perdomo Coral