XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Carcinoma hepatocelular: correlação prognóstica dos Critérios de Milão e Milão-Brasil na imagem e no explante.

Resumo

Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é o quinto tumor mais frequente no mundo, sendo a quarta causa de mortalidade por neoplasia. Os pacientes com cirrose têm uma incidência cumulativa de CHC de 1,5-6% ao ano. O transplante hepático é o tratamento de escolha para a maioria dos pacientes, mas estabelece critérios para evitar a recidiva de neoplasia. O critério atualmente aceito é o critério de Milão que consiste na presença de até 3 nódulos de até 3cm ou 1 nódulo de até 5cm. Por outro lado, no Brasil, nódulos abaixo de 2cm não são considerados.

Objetivos: Comparar o prognóstico de CHC usando os Critérios de Milão e Milão-Brasil na imagem e no exame anatomopatológico.

Método: Coorte prospectiva com pacientes com mais de 18 anos com diagnóstico radiológico de CHC submetidos ao transplante hepático no período de 04/2018 a 12/2020. Foram excluídos os pacientes em que o último exame de imagem (TC/RM) foi realizado mais de 6 meses antes do transplante e aqueles que fizeram exame em serviço externo. Radiologista experiente, cegado em relação aos dados clínicos, revisou o último exame e classificou os nódulos de acordo com a classificação de LI-RADS. O fígado explantado foi avaliado macro e microscopicamente por hepatopatologista experiente e cegada em relação aos dados clínicos e de imagem. Para significância estatística foi considerado p < 0,05.

Resultados: Foram incluídos 76 pacientes. A mortalidade por recidiva da neoplasia foi de 17% no perído de follow-up médio de 2 anos. Os pacientes que possuíam nódulos dentro dos critérios de Milão por exame de imagem pré-transplante apresentaram menor mortalidade (p = 0,015), assim como aqueles dentro dos critérios de Milão por anatomopatológico (p = 0,004). Por outro lado, quando analisados os pacientes dentro e fora dos critério de Milão Brasil, por exame de imagem ou anatomopatológico, não houve diferença entre os grupos.

Conclusões: Neste estudo, o critério de alocação Milão Brasil não discriminou os pacientes com maior risco de recidiva tumoral e mortalidade, ao contrário dos critérios de Milão. Portanto sugere-se adotar, preferencialmente, os critérios de Milão.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Matheus Vanzin Fernandes, Edmy Shasary Gutiérrez Narváez, Renato Kist, Maria Lúcia Zanotelli, Gabriela Perdomo Coral