Dados do Trabalho
Título
Enteropatia associada à olmesartana: relato de caso
Resumo
Apresentação do caso
Mulher, 71 anos, hipertensa, infarto agudo do miocárdio prévio, em uso de olmesartana, anlodipino, sinvastatina e omeprazol. Interna na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em mau estado geral, por insuficiência renal aguda, acidose metabólica e rebaixamento do sensório decorrente de desidratação severa ocasionada por diarreia iniciada há 2 meses antes da internação. Após 4 dias em UTI, transferida para enfermaria, mantendo quadro de diarreia. Realizado Endoscopia digestiva Alta, Tomografia computadorizada e Ultrassonografia de abdome, sem alterações que justificassem diarreia. Colonoscopia sem alterações macroscópicas e histopatologia com ileíte e colite crônica em atividade. Apesar de coprocultura e pesquisa de Clostridium difficile negativos, administrado antibioticoterapia empírica, sem melhora do quadro diarreico. Após extensa investigação, foram retiradas medicações de uso contínuo, com melhora da diarreia após cessar a olmesartana, por suspeita de enteropatia induzida pela medicação. Paciente recebeu alta após 33 dias de internação, com troca da olmesartana por enalapril para controle de hipertensão. No seguimento pós-alta, paciente apresentou melhora da diarreia crônica, sem novos episódios.
Discussão
A olmesartana é um medicamento anti-hipertensivo, da classe dos bloqueadores do receptor da angiotensina II, comumente usados na prática clínica. Difere do principal representante da classe, o Losartano, devido ao início de ação mais rápido e maior potência. Vários relatos de casos e estudos de coorte nos últimos anos descreveram um evento adverso gastrointestinal grave associado à olmesartana: diarreia crônica, má absorção intestinal e perda de peso. Os pacientes se recuperaram após a descontinuação do olmesartana. Esse efeito adverso é chamado de enteropatia associada à olmesartana (EAO).
Comentários finais
Apesar da diarreia com o uso de olmesartana ser grave, podendo levar a o paciente a desidratação severa, o diagnóstico e o tratamento da EAO é relativamente fácil de realizar: descontinuação do fármaco e a substituição por outra medicação anti-hipertensiva. Por isso, apesar de ser um efeito adverso raro, deve ser suspeitado como diagnóstico diferencial de diarreia crônica, assim como outras enteropatias induzidas ou associadas a fármacos.
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Jéssica Nunes Müller, Renata Vogt Rosa, Roger de Ávila Querino Vieira, Bibiana Possobon Burmann, Mariana Rodrigues, Guilherme Gruchowski Vieira, Diego Michelon De Carli, João Carlos Canterelli Júnior, Eduardo Buzatti Souto, Daniela Gomez da Costa, Caroline Canabarro Caurio, Alexandre Rampazzo, Alessandro Theisen Fischer, Rafael Fabiano Silveira da Costa