XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Espiroquetose Intestinal sintomática em paciente imunocompetente: Relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: S.P.A., 42 anos, masculino, tabagista, ex etilista sem outras comorbidades. Refere diarreia liquida, diária, estimulada pela alimentação, sem sangue ou muco há 2 anos, evoluindo com perda de 10 kg no período. Negou lesões de pele, genitais ou úlceras. Realizado colonoscopia sem alterações macroscópicas, coletado biópsias seriadas. Exames laboratoriais normais, anti-treponema pallidum não reagente, FTA-Abs IgG e IgM não reagentes, anti transglutaminase IgA 0.5, IgA 162, Anti HIV, HbsAg e Anti HBc não reagentes. Anatomopatológico (AP) com evidencia de espiroquetose de ceco e colon ascendentes. Inflamações crônica leve e inativa. Imunohistoquimica com achados de espiroquetose intestinal, positivo para o anticorpo Treponema pallidum, policlonal. Ausência de alterações histológicas indicativas de infecção pelo T. pallidum (infiltrado linfoplasmocitário intenso). Realizado tratamento com ciprofloxacino e metronidazol, com resposta parcial até o momento.
Discussão: Descrita pela primeira vez em 1967 a espiroquetose intestinal é considerada uma colonização difusa do intestino por um grupo de bactérias da família Spirochaetaceae, sendo as principais a Brachyspira aalborgi e Brachyspira pilosicoli. Os pacientes apresentam-se assintomáticos em sua maioria, e quando há sintomas geralmente se apresentam como o quadro relatado acima. É transmitido através da forma fecal, oral e por via sexual, sendo mais comum em portadores de HIV e/ou homens que fazem sexo com homens, porém sua colonizacao depende da imunocompetência do individuo, dieta e estase fecal. Seu diagnóstico é confirmado através do AP de amostra coletada durante a colonoscopia, e é importante ressaltar que os teste imunohistoquímicos com os anticorpos anti-treponema pallidum (positivo no caso descrito) apresentam reação cruzada com a Brachyspira ssp servindo como diagnostico da doença.
Comentários finais: A espiroquetose intestinal é uma entidade rara. A identificação das bactérias da família Spirochaetaceae no intestino de forma incidental, não indica tratamento, pois é considerada comensal, diferente dos casos sintomáticos. A colite causada pelas espiroquetas tem indicação de antibioticoterapia como metronidazol ou claritromicina durante 10 dias, oferecendo na maioria das vezes boa resposta ao tratamento. Pelas suas semelhanças, o diagnostico diferencial de sífilis deve ser excluído, afim de oferecer ao paciente adequado tratamento e possivelmente evitar complicações .

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

MAGDA PRISCILA CARDOSO AFONSO, RITA DE CASSIA RIBEIRO BAREA, THAYNA BARRETO MACHADO, ANDRE AUGUSTO WANDERLEY TOBARU, LUCIANA ARAUJO BENTO, DAIANA ALTOFF RALDI