Dados do Trabalho

Título

Tratamento endoscópico curativo de esôfago de Barret multidisplásico circunferencial e adenocarcinoma precoce por dissecção endoscópica submucosa (ESD): relato de caso

Resumo

Apresentação do Caso: Paciente sexo masculino, 57 anos, múltiplas comorbidades, apresentando esôfago de Barret extenso (Praga C9M10) com displasia multifocal e adenocarcinoma intramucoso de morfologia polipóide (Is). Submetido à ressecção endoscópica em bloco através de dissecção endoscópica da submucosa (ESD) circunferencial de toda área metaplásica, incluindo a lesão polipóide, sem complicações. Recebeu corticoterapia oral preventiva por 8 semanas. Na quarta semana pós operatória evoluiu com disfagia para sólidos, sendo identificada estenose cicatricial na área de ressecção. Foi submetido a dilatações endoscópicas com velas de Savary-Gilliard até 18mm, em 4 sessões realizadas após 4, 5 , 7 e 10 semanas da ressecção, com boa resposta e melhora completa da disfagia. Discussão: O Esôfago de Barret (EB) é uma complicação do refluxo gastroesofágico, na qual ocorre uma substituição do epitélio escamoso do esôfago por epitélio colunar associado a metaplasia intestinal. A displasia no EB é considerada precursora do adenocarcinoma esofágico. As terapias endoscópicas têm conquistado papel crescente no tratamento das displasias e neoplasias associadas ao EB. A dissecção endoscópica da submucosa permite a ressecção em bloco com maiores taxas de ressecção R0 (acima de 90%) nos casos de neoplasia intraepitelial de alto grau e adenocarcinoma precoce, permitindo a avaliação histológica precisa das peças excisadas e prevenção de doença residual e recorrência local. A estenose cicatricial é a complicação tardia mais frequente e pode estar presente em metade dos casos após ressecção mucosa circunferencial. A disfagia resultante da estenose pode ser tratada através de dilatações endoscópicas e uso de corticosteroides locais ou sistêmicos com boas taxas de sucesso. Comentários Finais: O esôfago de Barret é uma condição pré-maligna, e pode ser tratado por técnicas de ressecção endoscópica de forma segura e eficaz mesmo em casos com displasia multifocal associado a neoplasia invasiva precoce. As complicações, quando presentes, ainda são passíveis de tratamento endoscópico, evitando a alta morbidade de cirurgias como a esofagectomia.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta