XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hérnia abdominal por trauma penetrante em escroto mimetizando hérnia inguino-escrotal tardiamente: Relato de caso.

Resumo

Relato: Homem de 67 anos encaminhado ao ambulatório de cirurgia devido à hérnia inguino-escrotal volumosa à direita. Paciente referia abaulamento da região há 3 anos, e no exame físico alças intestinais eram facilmente reduzidas para a cavidade abdominal. Foi eletivamente submetido a hernioplastia inguinal direita pela técnica de Lichtenstein, na qual foi realizada correção de dilatação do anel inguinal interno, não compatível com o volume reduzido. No primeiro dia de pós-operatório, ao se levantar, paciente notou a presença do mesmo volume no escroto direito, sendo submetido à tomografia computadorizada (TC), com evidência de falha na parede abdominal em topografia de hipogástrio devido à diástase rota nos músculos retos abdominais, com óstio herniário suprapúbico de cerca de 5,4 cm, sem comunicação com trajeto de cordão espermático, contendo íleo distal. Interrogado, paciente se recordou de queda de escada há 3 anos, com perfuração do escroto à direita por objeto metálico, tendo sido realizado apenas curativo local. Assim, fortaleceu-se a hipótese de hérnia traumática e foi indicada nova cirurgia, sendo a técnica de Stoppa a opção cirúrgica. Foi realizado acesso abdominal mediano infraumbilical, confirmando grande saco peritoneal com alças de delgado saindo por óstio herniário na linha mediana justapúbica. Segue em acompanhamento ambulatorial, com boa evolução.

Discussão: A hérnia traumática de parede abdominal é rara e o mecanismo mais comum é o trauma fechado. No relato, o trauma foi penetrante no escroto. Estima-se que 26% dos casos são diagnosticados tardiamente, assim como no caso. O exame padrão-ouro é a TC. No caso, não havia relato do trauma na anamnese e o paciente não se lembrava do trauma até ser questionado posteriormente. Além disso, o exame clínico era muito semelhante a uma hérnia inguino-escrotal típica. A TC, portanto, auxiliou no diagnóstico e definiu o planejamento. No caso, o defeito só foi diagnosticado e corrigido e mais de 3 anos após o trauma, em cirurgia eletiva.

Comentários: Hérnias traumáticas de parede abdominal na sua porção inferior e virilha são raras. Muitas vezes, o diagnóstico é difícil, especialmente por ser mais comum no andar superior e flancos. O caso relatado apresenta relevância devido ao mecanismo penetrante e à apresentação, que tornaram o diagnóstico tardio e desafiador. Apesar disso, só com o auxílio da TC, muito infrequente em hérnias inguino-escrotais, foi possível planejar correção cirúrgica.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

Fernanda Dias Teramoto, Gabriela Beatriz Sia, Marcelo Petean Amaro, Caique Fernandes Alves, Mariana Willes Santana Soares, Milena Silva Garcia, Haline Sousa Batistoti, Marco Antonio Oliveira Peres