Dados do Trabalho
Título
PSEUDOANEURISMA DE ARTÉRIA ESPLÊNICA E PANCREATITE CRÔNICA: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DOR ABDOMINAL
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: Paciente 76 anos, etilista crônico, admitido após quadro de dor intensa em HCE, persistente, de início há 15 dias, com melhora somente após o uso de opioides. Histórico de internações prévias por pancreatite, última agudização há 2 meses atrás com formação de pseudocisto pancreático com resolução espontânea. Ao exame físico: paciente emagrecido, hipocorado +/4+. Em laboratório, apresentava anemia Hb 8g/dL, ferro sérico 31mcg/dL, função hepática, canaliculares, amilase, lipase e triglicérides normais. Ultrassonografia de abdome com doppler evidenciou formação cística com paredes espessadas localizada na região do hilo esplênico, com fluxo turbulento em seu interior, medindo 5.9x5cm, sugestivo de pseudoaneurisma. Solicitado Angio-tomografia de abdome que descreve baço com densidade heterogênea, apresentando áreas irregulares em seu parênquima, a maior medindo 11.5x4.4cm, sugestivas múltiplos infartos esplênicos, além de imagem ovalada, hipodensa, que mede 8.2cmx5.4cm com área central que se preenche fortemente pelo meio de contraste (5x4cm), apresentando limite posterior ao nível da extremidade da cauda do pâncreas, sugestiva de pseudoaneurisma de artéria esplênica. Após diagnóstico, foi optado por esplenectomia seguida de ligadura da artéria esplênica, evoluindo sem complicações, com alta hospitalar no 7º dia de pós operatório. DISCUSSÃO: Os pseudoaneurismas de artéria esplênica são complicações extremamente raras de pancreatite, doença ulcerosa péptica ou trauma. Podem ser diagnosticados incidentalmente em exames de imagem, ou apresentarem-se com dor abdominal inespecífica, sangramento e instabilidade hemodinâmica, com mortalidade próxima de 90%. A intervenção cirúrgica é indicada em todos os casos, sendo que a abordagem endovascular é a técnica de escolha em pacientes hemodinamicamente estáveis. Devido às dimensões do pseudoaneurisma em questão, bem como o risco elevado de rotura pelas áreas isquêmicas, optou-se pela abordagem cirúrgica convencional (esplenectomia com ligadura). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Em virtude de os pseudoaneurismas de artéria esplênica serem complicações raras, é necessária elevada suspeição na propedêutica de dor abdominal em pacientes portadores de pancreatite crônica. Após o diagnóstico, deve se indicar prontamente abordagem cirúrgica no intuito de evitar complicações hemorrágicas graves.
Área
Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares
Autores
CRISTIANE VIEIRA AMARAL, SAMUEL OLIVEIRA CUNHA MARQUES, RUDSON DOS SANTOS LIMA CARNEIRO, LAISA ALLEN GOMES DE SOUSA, EDVALDO ALVES DINIZ JUNIOR, JOZÊLDA LEMOS DUARTE