XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Hemorragia digestiva por lesão de Dieulafoy em gestante: relato de caso

Resumo

APRESENTAÇÃO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 35 anos, gestante gemelar, com 34 semanas de idade gestacional, internada por trabalho de parto prematuro. Após dois dias de internação, apresentou hematêmese em moderada quantidade, com hipotensão (70/40mmHg). Realizada Endoscopia Digestiva Alta (EDA), com pequena quantidade de resíduos hemáticos, duodenite moderada, sem estigmas de sangramento ativo. Paciente volta a ter episódio de sangramento digestivo 30 minutos após EDA, sendo repetido exame, que evidenciou coto vascular visível, pequena área com sangramento em baixo fluxo em grande curvatura do corpo distal, sendo realizado hemostasia com adrenalina e inserido clipe metálico, sendo confirmado diagnóstico de Lesão de Dieulafoy (LD). Paciente evoluiu sem novos episódios de sangramento digestivo na internação, gestação mantida até 35 semanas e 5 dias, submetida a parto cesárea por complicação de pré-eclâmpsia.
DISCUSSÃO
A lesão de Dieulafoy é caracterizada por um vaso submucoso aberrante que fica exposto à superfície da mucosa e se rompe. É a causa de cerca de 1-2% dos casos de hemorragia digestiva. Sua etiologia é desconhecida, porém pode ser atribuída à isquemia da superfície da mucosa. A identificação da lesão costuma ser difícil, pois as lesões são frequentemente pequenas e o sangramento é intermitente. Na EDA, são lesões evidenciadas como cotos de vasos expostos, com erosão circundante e sem ulceração. Cerca de 70% localizam-se no estômago, mas podem ocorrer em todo trato digestivo. O tratamento é endoscópico, sendo proposto a realização de tratamento combinado (clipes, escleroterapia, coagulação com plasma de argônio, termocoagulação ou eletrocoagulação), com 90% dos casos com hemostasia efetiva. Nos casos de insucesso, pode ser necessário o tratamento cirúrgico ou por radiologia intervencionista.
COMENTÁRIOS FINAIS
A LD é uma causa pouco frequente de hemorragia digestiva alta (HDA), porém deve ser incluída nos diagnósticos diferenciais de HDA, tendo em vista que esta lesão é subdiagnosticada, possuindo alta mortalidade se não tratada. Em 90% dos casos o tratamento endoscópico é efetivo, porém alternativas como angiografia intervencionista ou cirurgia podem ser realizadas em casos de insucesso no tratamento endoscópico.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Jéssica Nunes Müller, Renata Vogt Rosa, Roger de Ávila Querino Vieira, Mariana Rodrigues, Bibiana Possobon Burmann, Guilherme Gruchowski Vieira, Diego Michelon De Carli, João Carlos Cantarelli Júnior, Eduardo Buzatti Souto, Daniela Gomez da Costa, Caroline Canabarro Caurio, Alexandre Rampazzo, Alessandro Theisen Fischer, Rafael Fabiano Silveira da Costa