Dados do Trabalho
Título
Hérnia Femoral Mista de Garengeot com Richter Encarcerada
Resumo
Relato de caso: C.E.M, sexo feminino, 52 anos, asmática, compareceu em 06/04/2022 com queixa de dor abdominal em andar inferior, vômitos biliosos e parada de eliminação de fezes há 3 dias. Realizou ultrassonografia de abdome, evidenciando moderada quantidade de líquido livre e distensão difusa de alças intestinais, a esclarecer. Exames laboratoriais com leucocitose, sem outras alterações relevantes. Apresentava-se estável hemodinamicamente, com abdome doloroso à palpação difusa, sem sinais de irritação peritoneal. Abaulamento em região inguinal direita, tenso e indolor à palpação. Solicitada tomografia de abdome com diagnóstico de hérnia encarcerada em região inguinal direita, contendo segmento de alça ileal, com distensão intestinal à montante.
Submetida à inguinotomia direita em 07/04/22. Visualizado saco herniário contendo o apêndice cecal e parte do íleo, com pinçamento da borda antimesentérica, configurando hérnia mista de Richter e Garengeot. O apêndice não apresentava alterações morfológicas visíveis e nem havia necrose de tecido na área pinçada em abertura femoral. Realizada apendicectomia, redução do conteúdo herniário e reconstrução do canal inguinal. Paciente com boa evolução pós operatória.
Discussão: As hérnias da parede abdominal são defeitos comuns, presentes em 5% da população. Cerca de 75% de todas as hérnias ocorrem na região inguinal e, dentre as inguinais, as femorais compreendem 3%. A presença do apêndice vermiforme no conteúdo herniário femoral caracteriza a Hérnia De Garengeot, variante rara, com uma incidência estimada de 0,15 a 5%. Na hérnia de Richter, outro tipo raro de hérnia abdominal, há o encarceramento apenas de parte da parede intestinal. Pode se formar em qualquer lugar do abdome, entretanto, o mais comum é no canal femoral, onde geralmente é aprisionado o íleo distal.
Este caso mostra-se instigante por apresentar duas classificações de hérnia, já raras, concomitantes, em uma hérnia femoral encarcerada. Esta também, apesar de mais comum nas pacientes femininas, não é a mais prevalente na população geral.
Conclusão: Apesar de nossas experiências como cirurgiões implicarem em expectativas ao conduzir uma operação, alguns casos podem nos surpreender e devemos estar preparados para eventuais raridades. No caso apresentado, a técnica cirúrgica precisou ser adaptada para uma correção do ligamento lacunar, além de adicionar uma apendicectomia, feita da forma mais criteriosa possível, para que fosse segura a colocação da tela.
Área
Cirurgia - Miscelânea
Autores
Ludmila Cristiane Carvalho Baeta, Rodolfo Kalil Novaes Santos, Julia Andrade Inoue, Renan Andrade Nabak, Rodrigo Romualdo Pereira