Dados do Trabalho

Título

ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO POR TUMOR FIBROSO CALCIFICANTE ASSOCIADO A APENDICITE AGUDA EM PACIENTE JOVEM: RELATO DE CASO

Resumo

APRESENTAÇÃO: Paciente masculino, 19 anos, hígido, deu entrada na urgência com queixa de dor e distensão abdominal difusa, que migrou para flanco e fossa ilíaca direitos, associada a vômitos, anorexia e parada na eliminação de flatos e fezes há 3 dias, negou outros sintomas. Ao exame estava em regular estado geral, afebril, abdome distendido, timpânico à percussão, doloroso à palpação, sinal de Blumberg positivo. Trouxe laudo de ultrassonografia de abdome mostrando líquido livre em fossa ilíaca direita (FID), hemograma com leucocitose (11.100/mm³) e tomografia de abdome sem contraste sem achados relevantes. Optou-se por laparotomia com incisão mediana infra umbilical em que foi identificada apendicite em fase 1 e procedida apendicectomia, além de distensão em cólon ascendente e ausência de conteúdo em cólon descendente e sigmoide. Ampliou-se incisão à procura da obstrução e foi identificada massa rígida unindo a curvatura gástrica maior ao terço medial do cólon transverso. Realizou-se ressecção cirúrgica com margem de segurança, através de gastrectomia parcial e colectomia parcial de transverso além de confecção de colostomia a Hartmann. Estudo anatomopatológico descreveu tumoração nodular, ocluindo luz do cólon transverso, margens cirúrgicas livres, ausência de malignidade e achados compatíveis com tumor fibroso calcificante, diagnóstico confirmado posteriormente pela imuno-histoquímica. Após cirurgia, paciente evoluiu bem em enfermaria e recebeu alta para acompanhamento ambulatorial. DISCUSSÃO: O Tumor fibroso calcificante é um tumor benigno raro, de tecidos moles, que pode ter diversas localizações: pleura, mediastino, pulmão, e, muito raramente, trato gastrointestinal. É um tumor sem atipias, circunscrito e com pouca capacidade metastática, mas que pode cursar com obstruções como no caso descrito. Em contrapartida à apendicite, uma das principais causas de abdômen agudo em jovens, cuja apresentação atípica motivou investigação abdominal mais acurada, a despeito da normalidade dos exames de imagem e pôde proporcionar diagnóstico oportuno ao jovem. COMENTÁRIOS FINAIS: Evidencia-se a importância da identificação e intervenção cirúrgica na fase inicial da apendicite aguda. Bem como se orientar pelo quadro clínico do paciente, avaliando a presença de tumores em quadros obstrutivos. E realizando, quando possível, ressecção com margem de segurança e estudo histopatológico para identificar tipo tumoral e definir o seguimento do paciente.