XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Espru colagenoso refratário – relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: Mulher, 64 anos, há 5 anos iniciou quadro de êmese, diarreia líquida 20x/dia, sem muco, pus ou sangue. Portadora de hipotireoidismo. Evoluiu com perda ponderal de 30kgs em 3 meses. Foi internada e recebeu suporte nutricional parenteral. Realizada endoscopia digestiva que revelou segunda porção duodenal com nodosidade superficial difusa e pregas com aspecto serrilhado. A análise histopatológica evidenciou mucosa duodenal com áreas de deposição colagenosa na lâmina própria, formando placas irregulares que predominavam na porção subepitelial e, por vezes, envolviam capilares, achados esses compatíveis com espru colagenoso. Iniciado tratamento com suspensão de glúten da dieta e corticoide, porém sem melhora clínica e endoscópica. Evoluiu com osteoporose. Realizada confirmação genética do haplótipo HLADQ2 positivo. Iniciada terapia imunobiológica com infliximabe de 8 em 8 semanas associada à corticoterapia. Apresentou melhora clínica importante. Realizada tentativa de suspensão do corticoide, porém houve recidiva dos sintomas. Atualmente, segue com a terapia combinada previamente mencionada e, clinicamente, assintomática. Discussão: O espru colagenoso é um distúrbio disabsortivo importante associado a achados histológicos de deposição subepitelial de colágeno e atrofia vilositária grave da mucosa do intestino delgado. É uma doença rara, descrita pela primeira vez em 1947, embora o termo espru colagenoso tenha sido apresentado pela primeira vez por Weinstein e cols em 1970. Afeta mais mulheres do que homens (relação 2∶1), sendo a maioria dos pacientes de meia-idade a idosos. As apresentações histológicas e manifestações clínicas sugerem que ele pode evoluir a partir da doença celíaca clássica, condição comum preexistente ou coexistente em pacientes com espru colagenoso. A ocorrência da doença também foi relatada em indivíduos com espru tropical, intolerância ao leite, distrofia miotônica, síndrome paraneoplásica e imunodeficiência comum variável. O tratamento ainda é empírico e consiste no uso de esteroides e/ou imunossupressores, com baixas taxas de sucesso. Conclusão: O espru colagenoso é um distúrbio disabsortivo raro com alta morbidade e prognóstico ruim, heterogêneo, sendo ainda necessários mais estudos para melhor abordagem terapêutica e condução dos casos.

Área

Gastroenterologia - Estômago/Duodeno

Autores

Águeda Maria Ferreira Miranda, Rafaela Diniz Perpétuo, Evelyn Sayuri Simaburgo Chinem, Cibele Franz, Juliana Faria Lua Figueiredo, Carlos Eduardo Brandão Mello, Marcia Lyrio Sindorf, Amanda Saavedra Calé, Mariana Vianna Ferraiuoli, Alexandre Saraiva Iachan