XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Tumor do estroma gastrointestinal (GIST) com apresentação atípica mimetizando pancreatite aguda.

Resumo

Apresentação do caso: Homem, 17 anos, iniciou quadro de múltiplos episódios eméticos sem relação com alimentação, associados a dor de forte intensidade em epigástrio, sem febre ou outras queixas. Tomografia de abdome sugestiva de pancreatite aguda, porém identificou volumosa coleção em íntimo contato com a parede posterior do fundo gástrico e com a cabeça/corpo do pâncreas. Realizou endoscopia digestiva alta com identificação de abaulamento subepitelial em corpo proximal e parede posterior medindo cerca de 10cm, recoberto por mucosa com diversas ulcerações. O diagnóstico de GIST foi corroborado pela co-expressão de CD34 e CD117 (KIT). O tratamento inicial escolhido foi neoadjuvância com mesilato de imatinibe para redução de tamanho tumoral, seguido de gastrectomia subtotal com reconstrução em Y de Roux. O paciente apresentou boa recuperação no pós-operatório, sem complicações e apenas um dia na UTI. Os achados histológicos da gastrectomia foram de neoplasia de alto grau, de alto risco (IIIB) e estadiamento patológico pTNM: pT4, pN0 (AJCC).
Discussão: O tumor tipo GIST, é uma neoplasia originada em camadas subepitelias, sendo o estômago o sítio anatômico mais frequente de acometimento. Uma dificuldade neste diagnóstico é sua localização na camada muscular ou muscular da mucosa, que diferentemente do adenocarcinoma gástrico, não tem alteração de mucosa, não podendo ser realizado biópsia normalmente. O tratamento deste tumor é cirúrgico sem linfadenectomia e pode ser associado a quimioterapia com Imatinib. O prognóstico da neoplasia estromal tende a ser mais positivo que do adenocarcinoma.
Comentários finais: O diagnóstico de GIST tende a ser mais difícil que do adenocarcinoma gástrico na maioria dos casos, devido a uma menor frequência dos sintomas e a própria incidência baixa desta doença. Soma-se também o fato de o tumor ter uma localização subepitelial, criando mais um obstáculo para realizar o diagnóstico, que é definido pela análise imuno-histoquímica a partir de material obtido preferencialmente com utilização da ecoendoscopia, não sendo, portanto, de fácil disponibilidade nos serviços. O caso relatado ainda se distancia bastante do comum para GIST, devido a idade do paciente assim como a clínica rara, mimetizando um quadro de pancreatite aguda com líquido peripancreático. Deste modo, faz-se necessário maior atenção à possibilidade de tumores estromais, principalmente em massas volumosas na topografia de estômago sem alteração de mucosa.

Área

Cirurgia - Estômago

Autores

Saullo Anderson Costa Monteiro, Elaine Francisca Coimbra de Araújo, Otávio Mendes Filho, Juan Eduardo Rios Rodriguez, Adriene Coelho Guimarães, Jozyel Castro Cláudio, Rubem Alves da Silva Neto, Rubem Alves da Silva Junior