Dados do Trabalho
Título
COLANGIOPATIA OBSTRUTIVA PÓS INFECÇÃO POR COVID-19 SIMULANDO CÁLCULO EM VIA BILIAR – RELATO DE CASO
Resumo
Apresentação do caso: Paciente masculino, 53 anos, diabético, com antecedente de infecção por SARS-COV-2 necessitando de intubação orotraqueal e internação em UTI, evoluiu com síndrome colestática cerca de 90 dias após resolução do quadro pulmonar. Na admissão apresentava: Bilirrubina total 14,14, Direta 9,83, TGO 227, TGP 257, GGT 2301, FA: 4070. ColangioRM: Imagem nodular na porção distal do colédoco medindo 0,9x0,3 cm determinando dilatação de vias biliares a montante. Moderada dilatação assimétrica das vias biliares intra-hepáticas, maior à esquerda. Submetido a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica que evidenciou falha de enchimento em colédoco proximal e distal. Realizada papilotomia e varredura de via biliar balão extrator, sendo removidas estruturas amolecidas formadas por conteúdo bilioso espesso permitindo boa drenagem da via biliar. Em seguida, paciente submetido a colecistectomia videolaparoscópica evoluindo sem intercorrências no pós operatório. Discussão: O acometimento hepático é umas das manifestações extrapulmonares da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 e parece ser mediado pelos receptores da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA – 2) presentes no epitélio biliar e hepático. A colangiopatia é relatada como uma complicação tardia em pacientes com formas graves da COVID-19, podendo evoluir para colestase intensa e alterações de trato biliar similares às encontradas em pacientes com cirrose biliar secundária. Elevações discretas de enzimas transaminases, até cinco vezes o limite superior da normalidade, são a alteração laboratorial mais comum nesses pacientes, sendo reportadas em 14-58% dos casos. Em coorte retrospectiva com 12 pacientes com colangiopatia pós-COVID-19, as principais alterações em ressonância foram inflamação da árvore biliar com aumento de sinal na sequência de difusão, espessamento da parede do ducto biliar e formação de estenoses e dilatações em “colar de contas”. Em casos extremos, a colangiopatia pós covid pode levar a icterícia persistente, colangite bacteriana recorrente ou doença hepática terminal com indicação de transplante hepático. Comentários finais: A colangiopatia por SARS-COV-2 é uma entidade nova, de difícil diagnóstico e associada a relevante morbidade para o paciente. A terapia endoscópica mostrou-se como uma alternativa eficaz para o manejo dos sintomas obstrutivos nesses pacientes.
Área
Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada
Autores
DANIEL de ALENCAR MACÊDO DUTRA, LEONARDO LINO MARTINS JÚNIOR, PABLO DANTAS ALENCAR, RENATA BRITO AGUIAR de ARAUJO, DANIELA CALADO LIMA COSTA, JEANY BORGES E SILVA RIBEIRO