Dados do Trabalho
Título
Ruptura esplênica atraumática em pacientes em uso de Rivaroxabana - Relato de caso
Resumo
Apresentação do Caso: Homem, 76 anos, diabético, portador de Fibrilação Atrial, anticoagulado com Rivaroxabana há 3 meses, foi admitido em setor de emergência com quadro de dor aguda em hipocôndrio esquerdo e queda hematimétrica. Nega eventos traumáticos e pródromos virais. Rastreio neoplásico e sorologias negativas. Evidenciado coleção subcapsular esplênica com volume estimado de 400 ml e hemoperitônio em topografia de abdome superior. Por estabilidade clínica e ausência de sinais radiológicos de sangramento ativo optado por suporte clínico. Após 7 dias devido a recorrência de dor e aumento da coleção prosseguiu-se com embolização de artéria esplênica com micromolas, sem novos episódios álgidos e queda hematimétrica após o procedimento.
Discussão: A ruptura esplênica traumática é um evento raro, usualmente relacionado a malignidade, infecções virais e desordens inflamatórias locais. O uso de anticoagulantes de ação direta (DOACS), como a Rivaroxabana, emergem como diagnóstico diferencial frente a paciente com quadro de dor em abdome superior a esquerda e instabilidade hemodinâmica e diagnóstico radiológico de ruptura esplênica. Apesar de fisiopatologia incerta, tem sido proposto que tal evento decorre de microtraumas esplênicos prévios, potencializados pelo efeito antifibronilítico e anticoagulante das medicações. Cuidados intensivos com reposição polêmica e uso de hemocomponentes é a abordagem inicial de tais casos, seguido de embolização da artéria esplênica ou laparotomia com esplenectomia se instabilidade hemodinâmica refratária ou de ressangramento após a abordagem por intervenção radiológica. Tal manejo torna-se ainda mais desafiador visto ausência de antagonista disponível para reversão de ação da Rivaroxabana até o presente momento.
Comentários finais: A suspeição clínica para diagnóstico de ruptura esplênica em paciente em uso de DOACS e quadro de dor abdominal com instabilidade hemodinâmica deve ser alta. Estudos futurares são necessários para o desenvolvimento de antagonista capazes de otimizar a abordagem inicial dos casos.
Área
Gastroenterologia - Miscelânea
Autores
Diogo Delgado Dotta, Ingrid Medeiros de Figueiredo, Bruna Damásio Moutinho, Debora Raquel Benedita Terrabuio