Dados do Trabalho
Título
Paciente com acalasia chagásica submetido a esofagectomia após desenvolver carcinoma de células escamosas: o papel da endoscopia digestiva no diagnóstico, terapêutica e correção de complicação cirúrgica
Resumo
Apresentação do caso
Paciente, masculino, 50 anos, com acalasia chagásica diagnosticada em janeiro de 2021, quando apresentou disfagia para sólidos e perda ponderal. Foi investigado com endoscopia digestiva alta (EDA), que mostrou sinais de megaesôfago (ME); e sorologia para Chagas (positiva). Realizada dilatação com balão hidrostático, com melhora parcial das queixas. Paciente não retornou para novas dilatações e passou a ser acompanhado pela cirurgia torácica, que documentou o ME com esofagograma contrastado, nova EDA e manometria. Em janeiro de 2022, encontrava-se internado com piora do quadro; foi solicitada EDA para avaliar possibilidade de nova dilatação. Além do ME, observou-se área de mucosa irregular com ulceração de 6 mm; realizado cromoscopias virtual com NBI e com solução de lugol 2%, evidenciadando áreas suspeitas, que foram biopsiadas. Histopatológico concluiu se tratar de carcinoma escamoso (CEC). Foi sugerida abordagem cirúrgica com esofagectomia e avaliação oncológica pré-operatória. Após 1 mês paciente foi submetido a esofagctomia distal, sem intercorrências. Peça cirúrgica mostrou focos neoplásicos em terço médio e distal de esôfago, com invasão de submucosa, sem comprometimento linfonodal. Paciente evoluiu com fístula por deiscência de anastomose esofagogástrica no pós-operatório, tratada com terapia endoscópica a vácuo; houve sucesso terapêutico.
Discussão:
A doença de Chagas ainda é a principal causa de acalasia no Brasil, apesar da etiologia idiopática ser mais frequente no globalmente. A acalasia e a consequente esofagite crônica de estase presente em casos avançados de ME são importantes fatores de risco para desenvolvimento de CEC. Por isso é importante o acompanhamento e tratamento desses casos; sendo uma modalidade possível a dilatação endoscópica com balão hidrostático. Pacientes refratários à dilatação podem ser submetidos a miotomia perioral endoscópica ou abordados cirurgicamente com cardiomiotomia; em casos complicados pode ser necessário esofagectomia. A fístula por deiscência de anastomose é uma possível complicação cirúrgica passível de resolução endoscópica com terapia à vácuo, que consiste em manter um dispositivo luminal conectado a um sistema de pressão negativa.
Comentários Finais:
Nota-se a importância do tratamento da acalasia para evitar complicações como o CEC de esôfago, e o papel determinante da EDA no seguimento, tratamento da acalasia e como intervenção para corrigir eventuais complicações cirúrgicas.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
Ana Paula da Silva Pereira Lôpo, Kelson Lopes Pontes Albano Batista, Geovana Almeida Barros, Reinaldo Falluh Filho, Heinrich Bender Kohnert Seidler, Flávio Hayato Ejima