XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Divertículo de Zenker e terapia endoscópica

Resumo

Paciente masculino, 61 anos, ex-tabagista e ex-etilista, com queixa de disfagia severa. Para investigação, realizou deglutograma que evidenciou: divertículo faringoesofágico, dificultando e impedindo a passagem livre de alimentos - disfagia severa. Em março de 2022 realizou diverticulectomia endoscópica com miotomia do septo, procedimento sem intercorrências. Paciente obteve resolução completa dos sintomas, atualmente ingerindo alimentos sólidos sem dificuldade. Paciente feminina, 86 anos, sem comorbidades conhecidas, referindo disfagia de início há 3 anos e regurgitação de restos alimentares não digeridos. Realizou endoscopia digestiva alta que evidenciou divertículo de Zenker medindo 4cm. Em junho de 2022 foi realizada diverticulectomia endoscópica com secção do septo, procedimento sem intercorrências. Apresentou melhora dos sintomas, atualmente sem dificuldades para ingestão de alimentos.
O divertículo de Zenker é um divertículo que se desenvolve em uma área de fraqueza da hipofaringe posterior conhecida como triângulo de Killian (entre as fibras musculares tireofaríngea e cricofaríngea do constritor inferior). É uma condição incomum, com prevalência de 0,01% e 0,11% na população americana, mais comum em homens e entre a sétima e oitava década de vida.
Pacientes com divertículos sintomáticos devem ser tratados. A abordagem pode ser feita de forma cirúrgica ou endoscópica. A principal intervenção comum em ambas opções é a secção do músculo cricofaríngeo que forma o septo entre o esôfago e o divertículo. O objetivo do tratamento é reduzir o tamanho do divertículo e melhorar a função motora faríngea, melhorando assim os sintomas. A abordagem endoscópica é menos invasiva do que a cirurgia aberta e está associada a menor tempo de operação e internação hospitalar, retomada mais rápida da ingestão oral, menor taxa de complicações e fácil acesso em caso de recorrência, apesar de estar associada a maiores taxas de recorrência dos sintomas. A ESGE sugere que o tratamento endoscópico é preferível em relação ao tratamento cirúrgico aberto como terapia de primeira linha para pacientes com divertículo de Zenker sintomático de qualquer tamanho.
Descrevemos dois casos de tratamento endoscópico de divertículo de Zenker realizados em nosso serviço de endoscopia, sem intercorrências. Tal procedimento está de acordo com a literatura nesse cenário, e resultou em sucesso na melhora sintomática de ambos pacientes.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Guilherme Becker Sander, Mariana Crespo Pires, Tamires Tibola Mattos, Gabriel Guinsburg Barlem, Suelen Aparecida da Silva Miozzo, Luciana Ferrugem Cardoso, Ennio Paulo Calearo da Costa Rocha, Fernando Comunello Schacher, Henrique Rolim Severo