Dados do Trabalho

Título

Câncer de mama metastático para o cólon: Relato de caso

Resumo

Paciente feminina, 66 anos.
Em mamografia realizada em 2015 foi identificada em mama esquerda lesão BIRADS IV com assimetria focal. Realizada core biopsy que identificou carcinoma lobular invasivo (CLI) e carcinoma lobular in situ associado, tipo clássico com características apócrinas. Em janeiro de 2016 foi submetida a mastectomia bilateral com pesquisa de linfonodo sentinela, avaliação anatomopatológica evidenciou CLI padrão clássico com acometimento de 5 dos 10 linfonodos ressecados em mama esquerda, estadiamento pT1N2 estadio clínico III; em mama direita observou-se micrometástases de CLI, pTxN1 estadio clínico II. Iniciada adjuvância com quimioterapia e radioterapia. Avaliada pela Oncogenética que identificou mutação no gene BRCA2.
Em agosto de 2019 realizou uma colonoscopia que estava dentro da normalidade. Em junho de 2020 foi realizada uma nova colonoscopia que mostrou lesão infiltrativa com cerca de 4 cm de diâmetro, bordos irregulares e endurecidos, friável e com retração da mucosa em cólon ascendente distal, cromoscopia digital sugeriu áreas de infiltração de camadas mais profundas. Realizadas biópsias que diagnosticaram infiltração por carcinoma lobular da mama em mucosa colônica.
Um mês após, através do PET/CT, foram observados carcinomatose peritoneal, retração de omento e de mesentério colônico e ascite. Em outubro, identificou-se infiltração óssea em pelve.
Atualmente a paciente permanece em uso de imunoterapia e seguimento com equipe de cuidados paliativos.
O câncer de mama é a neoplasia mais frequente no mundo entre as mulheres e possui uma elevada taxa de morbidade e mortalidade. O trato gastrointestinal é um sítio pouco frequente de metástase, reportadas em 4-18% dos pacientes e, pode ser identificada de forma tardia em até 30 anos após o diagnóstico. O implante ocorre por via hematogênica e em casos raros, invasão direta, geralmente de carcinomatose peritoneal. Os sintomas da doença secundária no sistema digestivo são inespecíficos, dessa forma o diagnóstico deve ser considerado em qualquer mulher em tratamento com novas queixas gastrointestinais, comprovando a importância da colonoscopia.
Devido a multiplicidade do aspecto endoscópico da lesão metastática de mama para o cólon e a sua localização na submucosa nas fases inicias, o exame detalhado com múltiplas biópsias de qualquer área suspeita deve ser a rotina no estadiamento e acompanhamento dos pacientes com diagnóstico de câncer de mama, em especial os com o tipo lobular.