XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Linfoma Folicular de vesícula biliar - Relato de Caso

Resumo

Apresentação do caso: Paciente feminina, 72 anos, branca, casada, costureira, hipertensa controlada, com queixa de dor em cólica de repetição em hipocôndrio direito, associada a náuseas e vômitos nas crises, há quatro meses. Nega tabagismo, etilismo, alergias e história familiar de neoplasia. Funções excretoras estavam preservadas. Ao exame físico estava afebril, acianótica, ictérica (+/4), com mucosas hipocoradas (+++/4), hipohidratadas (++/4). Havia dor à palpação superficial e profunda do quadrante superior direito. Exames laboratoriais revelaram hemoglobina 12g/dl, leucócitos globais 8400/mm3, desidrogenase lática 500 U/l, uréia 80mg/dl, creatinina 1,4mg/dl, TGO 80U/I, TGP 50U/l, bilirrubina total 14,30 mg/dl, bilirrubina conjugada 9,7 mg/dl e bilirrubina não-conjugada 4,6 mg/dl. Ultrassonografia de abdome constatou vesícula biliar dilatada, com litíase em seu interior, sendo indicada colecistectomia videolaparoscópica, realizada sem intercorrências. No anatomopatológico verificou-se infiltrado inflamatório mononuclear, especialmente linfocitário, com centros germinativos bem formados. Feito estudo imuno-histoquímico com a conclusão diagnóstica de linfoma folicular grau 1, infiltrando a parede da vesícula biliar. À microscopia, CD20 (pan B), clone L26 e Bcl-2, clone 124 eram positivos.

Discussão: O linfoma folicular (LF) primário da vesícula biliar é uma entidade rara, por isso inexistem dados nacionais sobre sua prevalência. Estatísticas internacionais apontam que entre 22% a 40% dos linfomas não-Hodgkin (LNH) são LF, com idade ao diagnóstico entre 60 a 65 anos. Nota-se discreta prevalência no sexo feminino, também pela maior prevalência nas doenças colestáticas, apresentando maiores riscos de LF de vesícula biliar. Os LNH são os mais comuns. A maioria das células neoplásicas derivam de linfócitos B, apenas 10% dos casos originam-se de linfócitos T ou NK. Possui grande heterogeneidade morfológica, imunofenotípica e genética, com menor quantidade de células inflamatórias e estromais no tecido tumoral.

Comentários Finais: Este relato mostra a importância do envio da vesícula biliar para análise, visto que a paciente não saberia da existência do LF e, por consequência, não poderia tomar as devidas providências. Por fim, destaca-se a importância da avaliação anatomopatológica da peça, já que o estadiamento em casos avançados demandaria tratamento adicional com quimioterapia e imunoterapia, bem como caso se tratasse de outro subtipo de linfoma.

Área

Cirurgia - Miscelânea

Autores

João Alfredo Diedrich Neto, Vinícius Beck da Silveira, Luize Cristine Dias, Gabriella Laís Braatz, Eduarda Paitl Agostinho, Marcos Orestes Gonçalves, Fábio Benedetti