XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUBERCULOSE HEPÁTICA MULTI E MACRONODULAR PSEUDOTUMORAL ASSOCIADA A COLANGITE: RELATO DE CASO

Resumo

Paciente 33 anos, feminino, em agosto de 2021 apresentou quadro de icterícia colestática, astenia, dor abdominal e vômitos, realizou ressonância de abdome superior com colangioressonância, fígado de aspecto normal e presença de múltiplas lesões focais com gordura intralesional sugestivas de adenomas, ectasia de vias biliares intra e extra hepáticas com irregularidades parietais. Ecoendoscopia com lama biliar em colédoco e vesícula biliar, submetida a colecistectomia videolaparoscópica e biópsia hepática. Histopatológico com colecistite crônica em agudização e hepatite crônica de padrão biliar, fibrose peri-ductal, ductos biliares com distorção arquitetural e fibrose concêntrica em “casca de cebola”. Iniciado tratamento com ácido ursodesoxicólico, com boa resposta. Em 04/2022 apresentou febre diária, perda 13kg em 8 meses, dor abdominal e vômitos. Nova ressonância de abdome com sinais de colangite aguda, vias biliares intra-hepaticas ectasiadas, com irregularidades e estenoses esparsas, fígado com parênquima heterogênio com 2 padrões diferentes. 1o padrão: várias formações nodulares de realce anelar, (sem abscedação ou liquefação) não se podendo descartar neoplasia, 2o padrão: nodulações bem definidas com washout. Nódulos hiperplásicos/reacionais a processo inflamatório hepático crônico, não se podendo garantir natureza benigna. Realizadas biópsias de nódulos hepáticos, histopatológico com processo inflamatório crônico granulomatoso necrotizante. Iniciado tratamento para tuberculose, paciente evolui com remissão total dos sintomas.

Apesar de a tuberculose afetar principalmente o pulmão, em 10% dos casos acomete órgãos sólidos, o acometimento hepático com a presença nódulos pseudotumorais macronodulares está presente em menos de 1% casos, já em relação a árvore biliar, é ainda mais rara, estimada 0,1%, podendo ser pela infecção primária, com estenose de pequenos ductos, ou secundário a compressão por granulomas hepáticos, muitas vezes dificultando a diferenciação com colangite esclerosante primária e colangiocarcinoma.
A apresentação semiológica e radiológica deste caso raro chama atenção, demonstrando o aspecto atípico pseudotumoral da tuberculose macro e multinodular no fígado e o acometimento de via biliar com colangite, em paciente sem tuberculose pulmonar. O retardo no diagnóstico pode levar a um aumento significativo da morbidade, sendo essencial o seu reconhecimento precoce para o tratamento adequado.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Clarissa Rocha da Cruz, Ingrid Laís Vieira Rodrigues, Sylene Coutinho Rampche de Carvalho, Guilherme Pompílio Paranhos Ferreira, Pedro Guedes de Figueiredo Lima