XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Espiroquetose intestinal em paciente imunocompetente

Resumo

Apresentação do caso:
Mulher, branca, heterossexual, 54 anos natural de São Gonçalo - RJ, assintomática, realiza colonoscopia para rastreamento de carcinoma colorretal. Tratamento regular de glaucoma com colírio esmolol, sem demais comorbidades ou uso de medicações. Nega dor abdominal, diarreia, hematoquezia. Hábito intestinal regular diário. Colonoscopia evidenciou pólipo de cólon, sendo realizado polipectomia. Histopatológico evidenciou: “mucosa colônica exibindo leves alterações arquiteturais de aspecto reacional e leve aumento da celularidade da lâmina própria às custas de plasmócitos. Presença de numerosas estruturas filamentosas basofílicas, aderidas à membrana celular apical das células epiteliais, melhor evidenciadas pelas colorações pelo ácido período de schiff ( PAS) e GROCOTT.” Paciente com achados compatíveis com espiroquetose intestinal, foi investigado imunossupressão, realizada pesquisa de sorologias, ambos negativos. Foi optado por não realizar intervenção específica, a mesma foi acompanhada e permaneceu assintomática.
Discussão: 
A espiroquetose intestinal é uma doença em que a mucosa colônica evidencia no histopatológico colonização por bactérias  da família da spirochetaceae - predominância da Brachypspira aalborgi e a Brachyspira pilocoli. Presente em média de 1,4% no Brasil, com seu potencial patogênico variável,  quando sintomática apresenta sintomas gastrointestinais inespecíficos como diarréia aquosa, hematoquezia, perda ponderal e dor abdominal. É predominante  em pacientes imunossuprimidos, sendo uma causa de diarreia crônica oportunista nestes pacientes.  No histopatológico a coloração com hematoxilina mostra uma camada espessa ou células basofilicas, gerando uma falsa borda em escova.  Os micoorganismos podem ser evidenciados com o ácido periódico-Schiff( PAS), Giemsa, GROCOTT e prata. O ideal é excluir testes para Treponema pallidum que pode ter reação cruzada.  Em pacientes sintomáticos o tratamento costuma ser eficaz com metronidazol. 
Comentários finais:
A espiroquetose intestinal em paciente imunocompetente é rara e geralmente não determina manifestações clínicas relevantes não sendo indicado tratamento específico. Contudo é importante acompanhamento clínico uma vez que em caso de imunossupressão a terapêutica é necessária.

Área

Gastroenterologia - Miscelânea

Autores

Laila Morais Nahass Franco, Cleyton Padilha Andrade, Amanda Guerra Lima, Luiza Di Flora Cozza, Luiz Fernando Pitangui de Oliveira, Felipe Lopes Rocha Barreto