XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relato de caso: como prosseguir diante do difícil diagnóstico diferencial entre pólipo fibrovascular de esôfago e lipossarcoma bem diferenciado.

Resumo

Apresentação do caso
Paciente, masculino, 78 anos, submetido a endoscopia digestiva alta (EDA) por queixas de disfagia e crises de dispneia. À intubação do esôfago observou-se lesão polipoide pediculada com origem no seio piriforme, medindo 6 cm em seu maior eixo. Procedeu-se à polipectomia posicionando endoloop no terço médio do pedículo e três clipes na base, realizado corte diatérmico com alça; peça enviada para anatomia patológica. Laudo histopatológico revelou proliferação de adipócitos, exibindo ulceração da superfície, inflamação, fibrose e alterações reativas, além de células atípicas, com figuras mitóticas indistintas; margens vertical e lateral livres. Foi recomenda avaliação complementar com imuno-histoquímica IHQ) para diagnóstico diferencial entre pólipo fibrovascular esofágico (PFVE) e lipossarcoma bem diferenciado (LSBD); mas, devido a indisponibilidade do exame no serviço, paciente não conseguiu ter o diagnóstico firmado; optou-se por considerar como LSBD, considerando estudos que mostraram grande prevalência desse tipo celular em lesões que se apresentaram clinicamente como pólipos fibrovasculares gigantes.

Discussão
Apesar de raro, o PFVE é o tumor benigno intraluminal mais comum do esôfago, composto por tecido fibrovascular e células adiposas. A terminologia pólipo fibrovascular gigante é utilizada quando são grandes e causam obstrução importante, com maior potencial para causar sintomas. Lipossarcomas esofágicos são lesões malignas, ainda mais raras, macroscopicamente podem ser semelhantes aos pólipos fibrovasculares gigantes. Dentre os subtipos, o LSBD é o mais comum, correspondendo a cerca de 68% dos casos. Essas duas entidades se apresentam clinicamente da mesma forma; os principais sintomas são disfagia, náuseas, êmese e dispneia. Exames de imagem podem reforçar a suspeita clínica, mas em geral o diagnóstico é feito por EDA com biópsia. Todavia, os achados histológicos podem ser inespecíficos, tornando-se fundamental a avaliação por IHQ buscando superexpressão dos marcadores MDM2 e CDK4. Estudos mostram que com a ascensão da IHQ, percebeu-se que a grande maioria dos casos – se não todos – se tratavam de LSBD.

Comentários Finais
Portanto, na indisponibilidade de IHQ (que é a realidade para muitos brasileiros) é importante elevar a suspeição clínica e conduzir tais casos como LSBD. O tratamento para o PFVE e LSBD é o mesmo: ressecção da lesão com margens livres. Esses tumores não estão relacionados a envio de metástases ou recorrência.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Ana Paula da Silva Pereira Lôpo, Kelson Lopes Pontes Albano Batista, Kaio Albano Lopes, Tecio de Araújo Couto, Heinrich Bender Kohnert Seidler, Reinaldo Falluh Filho, Eduardo Nasser Vilela