XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Sífilis gástrica em paciente imunocompetente: Relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: J.V.R. feminino, 57 anos, hipertensa, refere epigastralgia de forte intensidade, em cólica, diariamente há 10 meses, associado a hiporexia, saciedade precoce, e perda ponderal de 7 kg em 60 dias. Nega outros sintomas associados. Na ocasião fora prescrito omeprazol sem resposta ao tratamento, quando realizou endoscopia digestiva alta (EDA), com diagnostico de sífilis confirmado através do anatomopatológico. Realizado sorologias, antitreponema pallidum reagente, VDRL reagente 1/512, FTA-Abs IgG e igM reagentes. Na EDA lesões ulceradas com sinais de sangramento em antro e pequena curvatura, anatomopatológico (AP) gastrite crônica intensa ativa e ulcerada, infiltrado linfoplasmocitário em lamina própria, e permeação neutrofilia do epitélio com abscesso de criptas. Imuno-histoquímica positiva para Treponema pallidum. Iniciado tratamento com penicilina G benzatina 2.400.000 UI intramuscular (IM) por semana durante 3 semanas, com boa resposta.
Discussão: A incidência de sífilis no trato gastrointestinal (TGI) é raro, ocorrendo em menos de 1% dos casos. Geralmente quando existe a presença desta enfermidade, o paciente encontra-se no estágio secundário ou terciário da doença. Na maioria dos casos entre as manifestações clínicas estão a presença de anorexia, epigastralgia, plenitude prandial, náuseas, vômitos e perda ponderal, que, muitas das vezes podem mimetizar o quadro clínico de neoplasias. Os achados mais encontrados na EDA são ulceras principalmente em antro, enantema, nódulos e hipertrofia da mucosa gástrica. No AP é visualizado espessamento da parede arterial, infiltrado plasmocitário e linfocítico difuso e a presença do T. pallidum na imuno-histoquímica. O tratamento é realizado com penicilina G benzatina na dose de 2.400.000 UI IM em dose única, ou dose semanal durante 3 semanas a depender da literatura.
Comentários finais: A sífilis é uma doença infecto-contagiosa, sexualmente transmissível, que vem apresentando ascensão nos dias atuais. Considerando o fato de a sífilis gástrica mimetizar neoplasias, faz se cada vez mais necessário a informação ao profissional de saúde a aventar tal hipótese diagnostica. Tal ação contribui não apenas para um diagnostico precoce, certeiro e de tratamento adequado, como também para reduzir a realização de gastrectomias desnecessárias com a hipótese de câncer gástrico. Diante disso, sempre que nos depararmos com lesão gástrica ulcerada, é recomendado a investigação de sífilis com acometimento no TGI.

Área

Gastroenterologia - Estômago/Duodeno

Autores

MAGDA PRISCILA CARDOSO AFONSO, THAYNA BARRETO MACHADO, RITA DE CASSIA RIBEIRO BAREA, ANDRE AUGUSTO WANDERLEY TOBARU, LUCIANA ARAUJO BENTO, DAIANA ALTOFF RALDI