XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Pileflebite como complicação atípica de Pielonefrite Aguda

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
Feminino, 20 anos, portadora de diabetes mellitus tipo 1 e hipotireoidismo, admitida com dor abdominal, náuseas, vômitos e febre há 1 semana da admissão. No exame físico havia taquicardia, abdome doloroso difusamente à palpação, hepatomegalia e ascite. Fazia uso regular de insulina e levotiroxina. Exames laboratoriais apresentavam leucocitose e sumário de urina com presença de nitrito e piócitos. Ultrassonografia de abdome evidenciou fígado heterogêneo com múltiplas áreas hipoecoicas e mal delimitadas. Tomografia contrastada de abdome apresentava falha de enchimento de todo o sistema porta, veias mesentérica superior e esplênica (sugerindo trombose séptica), abcessos hepáticos em todos os segmentos do lobo direito e segmentos V e VI, além de alterações sugestivas de pielonefrite, o único achado de infecção intra-abdominal. Foi iniciada terapia antibiótica com ceftriaxona e metronidazol e drenagem do maior abcesso hepático. Apresentou sinais de piora infecciosa, além de nova coleção intra-hepática em ultrassonografia de controle. Realizada troca de esquema para meropenem e vancomicina e nova punção do abcesso, evoluindo com imagens compatíveis com transformação cavernomatosa e redução dos abcessos. Culturas do material de ambas as drenagens foram negativas. Diante do quadro persistente, foram associados fluconazol e amicacina por 21 dias. Posteriormente, evoluiu com melhora clínica além de ultrassonografias de controle evidenciarem redução dos abcessos, recebendo alta hospitalar após dois meses de internamento.
DISCUSSÃO
Pileflebite é uma complicação rara, mas com altas taxas de mortalidade, que pode ocorrer após infecções intra-abdominais. Por sua clínica inespecífica, o diagnóstico é frequentemente tardio. As causas mais comuns incluem infecções de órgãos com drenagem para veia porta, como apendicite, ou por contiguidade, como de via biliar e pancreatite. Apesar de a drenagem venosa renal não ocorrer pela veia porta, a Pileflebite deste caso foi atribuída à pielonefrite, pela possível ocorrência de peritonite local com drenagem para este sistema venoso. O contexto de hiperglicemia pode estar associado à disfunção imunológica, considerando a DM tipo 1 como o estado de imunossupressão que levou a esta complicação grave.
COMENTÁRIOS FINAIS
Apesar dos avanços no diagnóstico, a Pileflebite continua tendo uma alta mortalidade, sendo a sepse a principal causa de óbito. O início dos antimicrobianos deve ser precoce para um melhor desfecho.

Área

Gastroenterologia - Fígado

Autores

Isabela Carvalho de Aquino, Bernardo Times de Carvalho