XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

GIST de localização atípica, um relato de caso

Resumo

Apresentação: Paciente do sexo masculino, 57 anos, com dor abdominal difusa de início há 4 dias, mais intensa em abdome inferior e refratária a analgesia. TC de abdome evidenciando formação nodular com atenuação de partes moles e realce precoce contraste endovenoso, medindo 3,4x3,4cm, localizada junto ao terço proximal do jejuno. No achado intra-operatório tumoração de delgado a 10cm do ângulo de Treitz , de aproximadamente 5cm, friável e recoberta por conteúdo hemático. Realizado enterectomia segmentar e enteroenteroanastomose. Anatomopatologico sugestivo de tumor estromal gastrointestinal (GIST). Imunohistoquímica positivo para os marcadores CD117, CD34 e DOG1.

Discussão: A principal localização do tumor estromal de células de Cajal é no estômago (60-70%), seguido do intestino delgado (20-25%), cólon e reto (5%) e esôfago (<5%). É caracterizado por uma lesão subepitelial, sendo mais comum o acometimento da camada muscular. A incidência anual é cerca de 10 a 20 casos de GISTs para cada milhão de pessoas no mundo, faixa etária média de 60 anos e no sexo masculino. O quadro clínico se apresenta com hemorragia digestiva alta, massa epigástrica e saciedade precoce. Ao exame macroscópico, as lesões tumorais costumam apresentar forma nodular, com crescimento submucoso, com ulceração ou não da mucosa. Principal via de metástase é hematogênica, sendo o fígado, peritônio e pulmão os sítios prevalentes. O diagnóstico definitivo é pelo estudo imunohistoquímico com o marcador CD117, apresentando positividade em mais de 95% dos casos. Os marcadores DOG1 e CD34 também auxiliam no diagnóstico, apresentando cerca de 97% e 60-70% de positividade, respectivamente. O tratamento consiste em avaliar a dimensão e localização do GIST, podendo ser realizada o acompanhamento clínico (<2cm) ou ressecção com margens livres, sem linfadenectomia nos demais. O objetivo da cirurgia é a ressecção completa do tumor. Deve-se prevenir a rotura tumoral durante o ato cirúrgico a fim de se evitar a disseminação neoplásica e pior prognóstico.

Comentários finais: O tumor estromal pode acometer todo o trato gastrointestinal, sendo mais comum no estômago. A maioria são de caráter esporádico e, a minoria, está relacionado a síndromes genéticas. O diagnóstico é realizado através do estudo imunohistoquímico, para excluir demais lesões subepiteliais como leiomioma, schwannoma e leiomiossarcoma. O tratamento visa a ressecção completa da lesão, sendo a única modalidade capaz de cura.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

RAFAELA ARAUJO LOJUDICE, RODRIGO PADILLA, GABRIELA BUZZON FERNANDES, MATHEUS MOTA MUNARETTO, JOÃO CLAUDINO FERNANDES NETO, CAROLINA SILVA COIMBRA, RODRIGO SAITO MOREIRA, LUANA MIRELLI FERREIRA DE ARAUJO, TRICIA ALINE RIBEIRO PATTINI DE SOUZA, SARAH DE LÁZARI SAMARTINO