Dados do Trabalho
Título
O impacto prognóstico dos fatores anatomopatológicos de acordo com o tamanho da margem cirúrgica em metástases hepáticas únicas de câncer colorretal
Resumo
INTRODUÇÃO: O tamanho ideal da margem de ressecção das metástases hepáticas do câncer colorretal (MHCCR) é motivo de debate na comunidade científica. Diversos fatores anatomopatológicos visualizados entre o tumor e o parênquima não tumoral também têm sido descritos nas MHCCR. OBJETIVO: Avaliar o impacto prognóstico destes fatores de acordo com o tamanho da margem cirúrgica em pacientes com MHCCR únicas. MÉTODOS: Foram retrospectivamente avaliados 101 pacientes com nódulos únicos de MHCCR ressecados com intenção curativa entre 2004 e 2014. Foram avaliadas a presença de grupamentos pouco diferenciados (GPD), de pseudocápsula tumoral, de infiltrado inflamatório peritumoral, tipo de borda tumoral, além do tamanho da margem cirúrgica >= 10mm ou <10mm. Foi avaliado o impacto prognóstico dos fatores anatomopatológicos isoladamente e de acordo com o tamanho da margem cirúrgica. RESULTADOS: A sobrevida global (SG) e sobrevida livre de doença (SLD) foram, em 1, 3, 5 e 10 anos, de 94,9%, 73,8%, 57,6% e 41,1% e de 63,0%, 38,8%, 36,6% e 35,0%, respectivamente. Os fatores associados a menor SG na análise univariada foram os níveis de antígeno carcinoembrionário > 20ng/dL, a presença de GPD, a ausência de pseudocápsula tumoral e a borda do tipo infiltrativo. Os fatores independentes associados a menor SG foram: a ausência de pseudocápsula e a borda do tipo infiltrativo. Os fatores associados a menor SLD na análise univariada foram: os níveis de antígeno carcinoembrionário > 20ng/dL, o infiltrado inflamatório peritumoral ausente ou leve, a presença de GPD, a ausência de pseudocápsula tumoral e a borda do tipo infiltrativo. O único fator independente associado a menor SLD foi a ausência de pseudocápsula tumoral. Os fatores associados à recidiva hepática foram a ausência de pseudocápsula tumoral e a borda do tipo infiltrativo. O tamanho da margem isoladamente não teve impacto prognóstico na SG e SLD e não foi associado à recidiva hepática. Por fim, os subgrupos não se correlacionaram à SG ou SLD conforme o tamanho da margem. CONCLUSÕES: A ausência de pseudocápsula tumoral foi fator independente de pior SG e SLD, estando associada à recidiva hepática, enquanto o tipo de borda infiltrativo foi fator independente para SG e associado à recidiva hepática. O tamanho da margem cirúrgica não impactou a SG e SLD, reforçando o conceito de que o prognóstico é determinado essencialmente pela biologia do tumor ao invés do tamanho da margem cirúrgica.
Área
Cirurgia - Fígado
Autores
Gilton Marques Fonseca, Evandro Sobroza de Mello, Sheila Friedrich Faraj, Jose Donizeti de Meira Júnior, Vagner Birk Jeissman, Jaime Arthur Pirola Kruger, Fabricio Ferreira Coelho, Venancio Avancini Ferreira Alves, Paulo Herman