Dados do Trabalho

Título

Dissecção endoscópica de submucosa de adenoma serrilhado de reto em paciente colectomizado portador de polipose adenomatosa familiar

Resumo

Apresentação do caso
Paciente, masculino, 58 anos, diagnosticado com polipose adenomatosa familiar (PAF), previamente submetido a colectomia total e ileoretoanastomose, em seguimento com vigilância endoscópica anual de segmento intestinal restante. Endoscopia digestiva baixa de vigilância revelou, em reto, lesão de crescimento lateral (LST) com lesão granular mista pela classificação de Paris, biopsiada. Histopatológico revelou adenoma serrilhado tradicional com displasia de alto grau. Lesão foi abordada por dissecção endoscópica de submucosa (ESD), sem intercorrências. Estudo anatomopatológico mostrou peça ressecada medindo 6,1 x 5,5 x 0,5 cm, centrado por lesão elevada, com aspecto granular, de coloração pardacenta, consistência elástica, medindo 5,3 x 4,7 x 0,4 cm e distando 1 mm da margem mais próxima;. Amostras satisfatórias de muscular da mucosa e submucosa, sem evidência de invasão; margens laterais e verticais livres.

Discussão
PAF é uma síndrome hereditária autossômica dominante e penetrância completa causada pela mutação no gene APC – gene supressor de tumor. Incidência está entre 1:7000 e 1:16000 nascidos vivos. A idade média de detecção é 29 anos. A manifestação clássica envolve múltiplos pólipos em cólon. Recomenda-se retossigmoidoscopia anual a partir de 10-12 anos nos familiares de portadores da mutação. O rastreamento reduz em 55% a ocorrência de câncer colorretal (CCR) no momento do diagnóstico da PAF. O tratamento envolve diferentes modalidades de colectomia profilática, visto que em casos não tratados aproxima-se de 100% a incidência de CCR. Ainda assim é indicado seguimento endoscópico anual do reto mesmo após colectomia, pois 12 a 29% podem evoluir com câncer de reto, sendo indicado a ressecção da lesão. A técnica de ESD se baseia em fazer marcação das bordas proximal e distal da lesão utilizando uma ESD knife. Seguidamente, faz-se injeção de solução salina, transpassando as camadas submucosa e muscular própria, tornando possível a dissecção dessas camadas e, consequentemente, a ressecção da lesão. Quando comparada a mucosectomia, ESD apresenta maior taxa de cura e menor recorrência local; além de possuir menor morbidade relacionada ao procedimento quando comparada ao tratamento cirúrgico.

Comentários Finais
É fundamental o seguimento endoscópico em pacientes com PAF, mesmo aqueles submetidos a colectomia profilática, permitindo assim diagnosticar e tratar precocemente lesões com potencial maligno.