Dados do Trabalho
Título
Pancreatite crônica de longo prazo evoluindo como adenocarcinoma ductal - Relato de caso
Resumo
Apresentação
Paciente masculino, pardo, 60 anos, tabagista desde os 8 anos e etilista desde os 12 anos, consumindo 12 doses semanais de cachaça. Aos 16 anos, passou a apresentar episódios diários de dor abdominal alta, em barra, de leve intensidade, com irradiação para dorso, desencadeada pela alimentação, acompanhada de náuseas e vômitos, esteatorreia e emagrecimento. Aos 30 anos, foi internado devido a agudização da dor, sendo diagnosticado com pancreatite crônica. Em 2007, aos 45 anos, iniciou acompanhamento em hospital terciário apresentando dores abdominais recorrentes e esteatorreia, com até 7 evacuações diárias. Devido à refratariedade ao tratamento clínico, foi submetido a pancreatojejunostomia em Y de Roux latero-lateral em 2010. Após a cirurgia, apresentou melhora inicial dos sintomas. Contudo, após 4 meses, retornou com diarreia mesmo com o uso de altas doses de pancreatina. Entre 2012 e 2021, recebeu acompanhamento multidisciplinar, sem alteração no quadro álgico e frequência das evacuações. Em 2020, biópsia de material coletado em ecoendoscopia revelou epitélio colunar glandular, sem atipias, em meio a coágulos e escassos linfócitos. Em março de 2022, foi internado por apresentar astenia, tontura, náuseas, vômito, disúria e dor em hipocôndrio direito com aumento da intensidade nos últimos 5 dias. Na ocasião a colangiorressonância revelou imagem captando contraste sugestiva de neoplasia, sendo realizado pancreatectomia total, com histopatologia demonstrado adenocarcinoma ductal, grau de diferenciação 2, localizado na cabeça de pâncreas, com extensão até gordura peripancreática, sem invasão angiolinfática/vascular sanguínea, mas com invasão perineural presente, com estadiamento pT1c.
Discussão
Pancreatite crônica é considerada um fator de risco para câncer de pâncreas. Atravez de recente revisão a e meta-análise com o objetivo de examinar a magnitude e temporalidade dessa associação e conclui-se que a pancreatite crônica aumenta o risco de câncer de pâncreas, mas a associação diminui com o seguimento a longo prazo, sendo que com 05 anos após o diagnóstico, os pacientes têm um risco quase 8 vezes maior de câncer de pâncreas, que diminui muito com o passar dos anos de seguimento. O paciente desse trabalho era seguido por mais de 20 anos e o diagnóstico de câncer de pâncreas nesses indivíduos é pouco frequente, porém não desprezível, sendo importante o médico assistente estar atento ao diagnóstico, principalmente quando há mudanças no quadro clínico.
Área
Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares
Autores
Paulo Vitor Sant'Anna da Cruz, Sthefany Maria Viana Ferreira, Leonardo Fávaro Pereira, Luciana Lofêgo Gonçalves, Isabelle Venturini Signorelli, Maria Penha Zago Gomes