Dados do Trabalho
Título
RESSECÇÃO DE ADENOMA ESPRAIADO DE PAPILA DUODENAL POR MUCOSECTOMIA EM PIECE MEAL
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: Sexo masculino, 72 anos, hipertenso e diabético. Antecedentes patológicos de polipose adenomatosa familiar (colectomia total há 22 anos). Negou etilismo e tabagismo. Iniciou em outubro de 2021, icterícia (bilirrubina direta de 6,4mg/dl) e prurido. Tomografia de abdômen sem alterações, e elevação de enzimas canaliculares. Realizou endoscopia digestiva alta (EDA), a qual evidenciou lesão de crescimento lateral esbranquiçada, com epicentro localizado na papila duodenal, estendendo-se lateralmente pelas paredes duodenais, com superfície discretamente irregular. Biopsia revelou adenoma com displasia de baixo grau. Realizou ressecção de lesão em centro cirúrgico sob anestesia geral, usando-se duodenoscópio, com auxílio de pinça injetora e alça de polipectomia hexagonal (mucosectomia em peace meal), e colocação de prótese plástica em ducto pancreático. Anatomopatológico da peça evidenciou adenoma com presença de displasia de alto e baixo grau em fragmentos. Teve alta hospitalar no dia seguinte, retornando após 72 h devido hemorragia digestiva e instabilidade hemodinâmica, sendo conduzido a Unidade de Terapia Intensiva. Realizou EDA após estabilização clínica, sendo visualizados dois cotos vasculares no leito de ressecção, tendo realizado terapia endoscópica combinada (injeção de adrenalina e eletrocoagulação). Recebeu alta após 7 dias, sem novas intercorrências. Realizou controle endoscópico com 2 e 6 meses. Atualmente, com 11 meses do procedimento, assintomático e sem sinais de recidiva. DISCUSSÃO: As neoplasias benignas da ampola de Vater são raras. Essas lesões têm propensão a degeneração maligna de 35 a 55%. Podem se manifestar por sintomas de hemorragia digestiva, obstrução intestinal ou icterícia obstrutiva. Esses tumores podem ocorrer esporadicamente ou associados a síndromes polipóides familiares, como a polipose adenomatosa familiar. O adenoma dessa ampola acomete com maior frequência mulheres entre a 5ª e 7ª décadas, estando muitas vezes associado a polipose colônica. O diagnóstico é o histopatológico da lesão obtido por endoscopia digestiva alta com visão da papila duodenal, e sempre deve ser realizada colonoscopia para a identificação de polipose adenomatosa colônica. COMENTÁRIOS FINAIS: O tratamento cirúrgico dos tumores benignos periampulares ainda é controverso. O tratamento endoscópico está indicado em tumores pequenos e benignos, porém as taxas de recorrência a longo prazo não estão determinadas.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
DANIEL de ALENCAR MACEDO DUTRA, RENATA BRITO AGUIAR de ARAUJO, PABLO DANTAS ALENCAR, LEONARDO LINO MARTINS JÚNIOR, DANIELA CALADO LIMA COSTA, JEANY BORGES e SILVA RIBEIRO, LUCÍDIO BALDOINO LEITÃO, LAURENT MARTIAL CLAIRET