XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Retocolite Ulcerativa Idiopática associada a Colangite Esclerosante Primária: Relato de caso

Resumo

Apresentação do caso: mulher, 29 anos, com dor abdominal, alteração de hábito intestinal e hematoquezia recebendo o diagnóstico de Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI). Prosseguiu-se com tratamento: azatioprina e mesalazina. Evoluiu com alterações das enzimas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) bem como Gama-GT e Fosfatase alcalina, necessitando de biópsia hepática que evidenciou fibrose portal avançada, com diagnóstico de colangite esclerosante primária (CEP). Optou-se pelo uso do imunobiológico Vedolizumabe para otimização do tratamento. Foram solicitados a quantificação do antígeno carcinoembrionário (CEA), o CA 19-9 e a proteína C reativa (PCR), que demonstraram resultados acima do normal. Durante a pandemia de COVID-19, a paciente positivou para o Sars-CoV-2, apresentando hiperleucocitose (82.800/mm3), necessitando de atendimento de emergência por conta de seu estado de imunodepressão inerente e evolução desfavorável da COVID. Após dois meses, apresentou piora clínica com distensão abdominal e crises diarreicas com fezes mucosanguinolentas. Complicou ainda com pancreatite aguda grave decorrente da CEP. Realizou colangiorressonância para avaliação do estado biliar; que confirmou múltiplas estenoses em ductos biliares com cálculos biliares em lobo esquerdo intra-hepático. A paciente permanece em acompanhamento e tratamento com imunobiológico mantendo-se em score Mayo 1 para RCUI e evolução da fibrose hepática com classificação de FIB-4.Discussão: A doença inflamatória intestinal (DII) associa-se frequentemente a manifestações extraintestinais e a outros distúrbios autoimunes. A associação da RCUI com a CEP pode acorrer em apenas 5 a 7,5% dos casos dos portadores dessa patologia. Sendo as idades mais prevalentes entre 30 a 50 anos, a maioria ocorrendo nos homens. Pacientes acometidos sincronicamente por essas patologias apresentam um aumento de 9,5% no risco de desenvolvimento de câncer hepatobiliar após 20 anos de evolução, além de tromboembolismo arterial e venoso, dentre outras complicações. Considerações finais: Diante de uma evolução com diversos desfechos desfavoráveis e de difícil condução, é importante salientar que a investigação e o diagnóstico precoce da CEP são essenciais para prevenir o aumento da morbimortalidade relacionada a essa patologia. Logo, é imprescindível estimular a educação continuada da comunidade médica, no que tange os manejos e complicações particulares do curso concomitante da RCUI e CEP.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Ana Paula Santos Oliveira Brito, Ana Paula Rodrigues Guimarães, Marcus Vinicius Henriques Brito, Henrique Cardoso Rodrigues, Vânia Maria Silva Maranhão, Vittória Marques Bigatão, Marcella Moraes Nogueira Paranaguá, Isabela Lacerda Ávila