XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Avaliação do perfil e dos desfechos de pacientes com recorrência de carcinoma hepatocelular pós-transplante hepático

Resumo

INTRODUÇÃO: O carcinoma hepatocelular (CHC) ocupa o primeiro lugar dentre os tumores hepáticos primários, sendo causa de cerca de 30% do total de transplantes hepáticos no Brasil. Entre os transplantados, 6-18% apresentam recorrência tumoral, com difícil manejo, impactando na sobrevida dos pacientes transplantados por CHC. No entanto, as características clínicas e preditivas desse grupo são limitadas na literatura. OBJETIVOS: Avaliar o perfil dos pacientes que apresentaram recorrência de CHC após transplante hepático. METODOLOGIA: Estudo observacional e descritivo por meio da coleta de prontuários de 475 pacientes transplantados de fígado por CHC no período de 2003-2020. 47 pacientes com recorrência neoplásica pós-transplante foram selecionados para esse estudo. RESULTADOS: No grupo avaliado, a idade média foi de 60.4 anos, com 78.7% do sexo masculino. O grupo sanguíneo mais comum foi o grupo O (53.2%). Entre as etiologias, destacou-se a cirrose pelo vírus da hepatite C (59.5%). A principal forma de diagnóstico da lesão hepática foi por tomografia computadorizada (46.8%), com tempo médio entre diagnóstico e transplante de 197 dias. No diagnóstico, o número médio de nódulos foi 1.8, com 4.25 de média do diâmetro do maior nódulo. A mediana de alfafetoproteína foi de 285 ng/mL. Em relação ao BCLC, o principal estágio foi o A (70.2%). No momento do transplante, a maioria dos pacientes era Child A (46.8%) e MELD médio de 12.9. Em relação ao explante, o número médio de nódulos foi de 2.9, com diâmetro do maior nódulo de 7 cm, a maioria moderadamente diferenciada (65.9%), com invasão microvascular em 51% e nódulos satélites em 57.4% dos pacientes. O principal local de recidiva foi o fígado (38,3%), seguido do pulmão (29,7%). Do total, 74,5% dos pacientes foram a óbito e 4,2% perderam seguimento. Os pacientes foram conduzidos com redução do nível de tacrolimus e associação com everolimus. O tratamento mais realizado foi sorafenibe (31.9%), seguido de radioterapia nas lesões ósseas (12.7%) e ressecção cirúrgica de metástases (6.3%). DISCUSSÃO: A taxa de recorrência foi de 9.8% e associada com fatores de mau prognóstico, como alfafetoproteína elevada, invasão microvascular e nódulos satélites. A sobrevida desses pacientes após o diagnóstico da recorrência de CHC foi inferior a 1 ano, mesmo utilizando todas as formas disponíveis de tratamento. CONCLUSÃO: São necessários mais estudos para melhor seleção dos candidatos mais adequados ao transplante de fígado por CHC.

Área

Cirurgia - Fígado

Autores

Kevyn Alisson Nascimento Gurgel, Paulo Everton Garcia Costa, Bartolomeu Alves Feitosa Neto , Renan Bezerra de Oliveira, Juarez Juca de Queiroz Neto, Daniel Tomich Netto Guterres Soares, Tarso Buaiz Pereira Martins, Anderson de Sousa Jorge, Gustavo Rego Coelho, José Huygens Parente Garcia