XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Terapia endoscópica à vácuo para fechamento de fístula gastrocutânea pós-operatória: relato de caso e revisão de literatura

Introdução

Apresentação do caso
Mulher, 57 anos, antecedente de gastroduodenopancreatectomia, esplenectomia, enterectomia e colectomia parcial por lipossarcoma retroperitoneal, apresentou recidiva em retroperitônio e ligamento hepatogástrico, necessitando de ressecção. Evoluiu no 17º PO com saída de secreção purulenta por FO, sendo reabordada, identificada isquemia de parede gástrica e alça biliopancreática, submetida a rafia e drenagem da cavidade. No 7º PO apresentou secreção purulenta pelo dreno, sendo realizada endoscopia que mostrou fístula gastrocutânea de 5 cm com importante defeito da parede abdominal. Proposto tratamento por terapia endoscópica à vácuo (TEV) com dispositivo modificado. A partir da 2ª sessão foi utilizada sonda com esponja de poliuretano, alocada no defeito da parede abdominal e no trajeto, sendo realizadas trocas a cada 4 dias. O fechamento da parede ocorreu na 4ª sessão e, nas subsequentes, houve redução progressiva das dimensões do trajeto, sendo encerrada a TEV e realizada drenagem interna com cateter de 6 Fr na 8ª sessão. Houve alta no dia seguinte e retorno em 2 semanas, sendo observado fechamento completo da fístula, reintroduzida dieta geral e alta do seguimento.

Discussão
Uma das complicações relacionadas à cirurgia digestiva é o surgimento de fístulas (incidência de 5,5%). Essa complicação associa-se a tempo de internação prolongado, redução da qualidade de vida, aumento dos custos e da mortalidade.
Uma opção de tratamento é a TEV, que pode ser realizada em casos de deiscências, fístulas, coleções perianastomóticas ou perfurações. O mecanismo de ação consiste em macro e microdeformação, remoção de fluidos, melhora de perfusão, angiogênese e redução da carga microbiana. As taxas de sucesso variam de 81,4% a 89% e o risco de mortalidade é 10% menor. A duração média é de 23 dias e as taxas de complicações até 12,1%.
Após revisão de literatura nas bases Pubmed e EMBASE, utilizando os descritores (gastrocutaneous OR 'gastro cutaneous') AND (fistula OR leak) AND ('post operative' OR postoperative OR 'after surgery'), foram identificados 218 registros, porém nenhum evidenciando a TEV para fechamento de fístula gastrocutânea. Neste caso, houve fechamento completo em 25 dias exclusivamente com o uso da TEV.

Comentários finais
A realização da TEV por endoscopia, com orientação do fechamento da parede abdominal para o lúmen gástrico, foi o diferencial para o sucesso do tratamento da fístula gastrocutânea e deve ser considerada opção de tratamento.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Bruna Ribeiro Krubniki, Rodrigo Silva de Paula Rocha, Mariana Saad Guarda, Rosival Vicente de Paula, Pedro Henrique Teles Prado, Alexis Carvalho Hooper, Bruna Lemos Silva, Livia Maria Pacelli Marcon Biagioni, Bruno Trentini, Teófilo Galvão de Mendonça, Lucas Vasco Aragão, Paula Cristina de Morais Freitas, Tomazo Antonio Prince Franzini, Ricardo Anuar Dib