Dados do Trabalho
Título
Miotomia no tratamento cirúrgico do Divertículo de Zenker
Resumo
Apresentação do caso: G.X, 74 anos, natural do Rio de Janeiro, casado, portador de Hipertensão Arterial Sistêmica e Dislipidemia em uso de enalapril, hidroclorotiazida e sinvastatina. Ex-tabagista, sem história de etilismo. Em 2018, paciente iniciou acompanhamento ambulatorial no Hospital Federal da Lagoa (HFL) com quadro de disfagia que evolui com dificuldade de deglutição da própria saliva, vômitos incoercíveis e perda ponderal de aproximadamente 50Kg em 02 anos. Realizou Endoscopia Digestiva Alta (EDA) em 01/2018 sendo evidenciado estenose total de esôfago aos 30cm dos lábios e TC de tórax e abdome, corroborando o diagnóstico de Divertículo de Zenker. Em 03/2018 foi submetido à diverticulectomia por via cervical anterior, sem relato de miotomia no boletim cirúrgico. Complicou com fístula no pós operatório e coleção cervical, com boa evolução clínica após drenagem e colocação do dreno de Blake. Recebeu alta hospitalar em 04/2018. 04 anos após, em 2022, paciente retorna ao ambulatório de Gastroenterologia do HFL apresentando novo quadro de disfagia e entalos e perda ponderal (02 anos de evolução). Nova EDA mostrando volumoso divertículo de Zencker até os 25cm dos lábios. Realizado Rx tórax com contraste oral baritado comprovando a recidiva do divertículo de Zenker. No momento, paciente aguardando nova abordagem cirúrgica.
Discussão: O divertículo de Zenker (DZ) é o divertículo mais comum do esôfago (90%) e sua prevalência tem sido relatada como variando entre 0,01% e 0,11%. Acomete principalmente indivíduos acima de 50 anos, sobretudo homens. É definido como uma bolsa de saída da mucosa através do triângulo de Killian, área de fraqueza entre as fibras transversais do cricofaríngeo e as fibras oblíquas do constritor inferior inferior. O tratamento é preferencialmente cirúrgico, principalmente nos divertículos > 2cm e em pacientes sintomáticos, sendo a miotomia, com ou sem a diverticulectomia o tratamento padrão. No caso descrito, a ausência de miotomia, reforça a importância desta técnica para a não recidiva do DZ.
Comentários finais: O tratamento cirúrgico do DZ, deve se basear em miotomia, seguida ou não de diverticulectomia como forma de evitar a recidiva, tendo em vista a melhora clínica do paciente. Diante disso, devemos sempre pensar no benefício da miotomia no tratamento do DZ com o objetivo de reduzir a recidiva do mesmo.
Área
Gastroenterologia - Esôfago
Autores
Olívia Pedro Amorim , Mariana Ribeiro Bravo, Caroline Sousa Dias , Mônica Nascimento F. Pourchet, Caroline Assumpção Isidoro, Walter Antônio Bittencourt Firman , Roberta Celles Cordeiro Soares