XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Endoscopia digestiva alta como ferramenta diagnóstica e terapêutica em caso de tumor de células granulares de esôfago

Resumo

Apresentação do caso clínico
Paciente MCC, feminina, 66 anos submetida a endoscopia digestiva alta (EDA) por dispepsia. Ao exame observou-se em esôfago distal, a 36 cm da arcada dentária superior, lesão subepitelial nodular única, amarelada, superfície lisa, medindo 8 mm, sugestiva de tumor de células granulares (TCG). Foi realizada mucosectomia por elevação de submucosa com solução de manitol 20% e cloreto de sódio 0,9%, utilizando alça diatérmica de polipectomia, sem intercorrências. Material foi enviado para anatomia patológica que evidenciou fragmento polipoide, pardacento, firme elástico, medindo 0,8x0,6x0,6 cm; sem atipias, necrose ou mitoses, com achados histopatológicos de células poligonais com citoplasma eosinofílico, compatíveis com TCG; margem de ressecção considerada livre, apesar de pontualmente a lesão atingir a zona de fulguração. Realizada avaliação complementar por imunoistoquímica sugerida por patologista, que confirmou o diagnóstico.

Discussão
O TCG é um tumor raro que pode acometer pele, mama e trato gastrointestinal. Em 10% dos casos acomete o aparelho digestivo, sendo o esôfago o órgão mais acometido (65% desses casos). A incidência de TGC esofágico é estimada em 0,033%, representando 1% dos tumores esofágicos benignos. A idade média ao diagnóstico é de 45 anos, com predileção pelo sexo masculino. Os sintomas mais frequentes são disfagia e dispepsia, mas mais de um terço dos acometidos podem ser assintomáticos. À EDA observa-se lesão séssil, firme e branco-amarelada; a maioria das lesões são únicas. À microscopia, o TCG apresenta grandes células poligonais contendo numerosos grânulos eosinófilos. É importante ressaltar que biópsias superficiais têm acurácia diagnóstica limitada, podendo mostrar áreas de mucosa normal ou alterações hiperplásicas que podem ser confundidas com carcinoma de células escamosas. Apesar de ser uma lesão benigna, há risco de malignidade, principalmente em lesões maiores do que 4 cm; portanto a ressecção endoscópica é mandatória. Não há descrição de recorrência após ressecção, por isso não há necessidade de seguimento endoscópico de rotina.

Comentários Finais
O caso em questão apresenta patologia rara e benigna do esôfago, mas que apresenta potencial de malignidade, por isso é importante reconhecer o aspecto endoscópico do TCG. A endoscopia digestiva alta se mostra uma ferramenta fundamental para o diagnóstico e ressecção dessas lesões, evitando possíveis complicações.

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Ana Paula da Silva Pereira Lôpo, Kelson Lopes Pontes Albano Batista, Geovana Almeida Barros, Heinrich Bender Kohnert Seidler, Reinaldo Falluh Filho, Renato Marano Rocha