XXI Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Varizes esofágicas descendentes: achado endoscópico em paciente com síndrome da veia cava superior

Resumo

Apresentação do caso: Paciente de 52 anos, sexo masculino, em acompanhamento ambulatorial por sintomas dispépticos. Durante investigação, realizado endoscopia digestiva alta (EDA) com achado de varizes esofágicas, no entanto ultrassonografia de abdome não apresentava sinais de hepatopatia crônica. Retornou após 11 anos com sinais compatíveis com síndrome de veia cava superior: pletora facial, hiperemia e cianose na posição de cócoras. Ao exame físico, presença de circulação colateral em hipocôndrio direito, sem estigmas de disfunção hepática ou hipertensão portal. Realizada nova endoscopia digestiva alta, que identificou varizes esofágicas descendentes. Diante do quadro, realizado angiotomografia computadorizada de tórax, cujo resultado mostrou achados sugestivos de trombose parcial crônica da veia cava superior. Em investigação especializada, descartado trombofilias, sendo a etiologia da trombose definida como idiopática. Discussão: As varizes esofágicas descendentes são raras e apresentam baixa incidência, correspondendo a cerca de 0,5% dos pacientes submetidos a exame endoscópico. Apresentam menor risco de sangramento do que as varizes ascendentes, que são associadas à hipertensão portal. Sua etiologia está, na maioria das vezes, relacionada a obstrução da veia cava superior. Assim como no caso relatado, obstruções acima da veia ázigos levam ao aumento do fluxo sanguíneo no plexo esofágico e formação de varizes descendentes, localizadas no terço superior do esôfago. Geralmente são assintomáticas, achados de exame endoscópico, ou estão associadas a sinais e sintomas relacionados à patologia de base. O diagnóstico é feito por EDA, seguida de exames para investigação etiológica, como angiotomografia, ecocardiograma e até mesmo ecoendoscopia. O tratamento é multidisciplinar e direcionado para a etiologia de base. Na presença de hemorragia digestiva, o tratamento endoscópico é realizado com ligadura elástica ou escleropterapia, e ainda o tamponamento por balão pode ser considerado, até que a terapia definitiva seja estabelecida.Comentários finais: As varizes esofágicas descendentes são raras e sua fisiopatologia deve ser conhecida, uma vez que podem cursar com quadro grave de hemorragia disgestiva alta. Dessa forma, o conhecimento sobre suas etiologias e investigação complementar apropriada é fundamental para definição da melhor terapêutica para o paciente e redução dos riscos de complicações associadas.

Área

Gastroenterologia - Esôfago

Autores

Danielle Duarte Silva, Mariana Hein, Otávio Lopes, Matheus Braga, Anderson Simoni, Bruno Ferreira, Luis Souza, Geisa Gomide, Ana Flávia Chiovato