Dados do Trabalho
Título
Perfil microbiológico e antimicrobiano das peritonites bacterianas espontâneas nos pacientes cirróticos em um hospital terciário do sul do Brasil
Resumo
INTRODUÇÃO: Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) é uma das infecções mais
frequentes em cirróticos, estando associada à alta morbimortalidade. Uma vez
realizado seu diagnóstico, a antibioticoterapia deverá ser iniciada empiricamente. Mais
de 60% dos episódios são causados por bactérias gram-negativas entéricas, porém,
considerável mudança na epidemiologia dos germes causadores de PBE tem ocorrido.
OBJETIVO: Identificação dos microrganismos mais prevalentes nos líquidos de ascite
coletados, bem como prevalência de germes mutirresistentes para garantir uma
melhor assistência aos pacientes em questão.
MÉTODO: Estudo descritivo observacional através da revisão do prontuário dos
pacientes cirróticos que realizaram paracentese de janeiro de 2015 até dezembro de
2020 em um hospital terciário do sul do Brasil. Feita análise dos líquidos de ascite,
observando-se crescimento e perfil de sensibilidade antimicrobiana dos germes
isolados.
RESULTADOS: Foram executadas 662 paracenteses de janeiro de 2015 até
dezembro de 2020, sendo incluídos no estudo 375 pacientes. Na amostra dos
pacientes cirróticos há prevalência de homens, sendo a principal etiologia da cirrose o
álcool, seguido por vírus da hepatite C. 64 paracenteses apresentaram número de
polimorfonucleares ≥ 250 / mm³; porém apenas 50% positivaram cultural. Escherichia
coli foi o germe mais prevalente apresentando sensibilidade à maioria dos antibióticos
utilizados; em contrapartida, outros germes encontrados, como Acinetobacter
baumannii, Enterococcus faecalis e Klebsiella pneumoniae carbapenemase,
apresentaram resistência a praticamente todos os antibióticos testados. Essa
alteração tem sido atribuída ao aumento da sobrevida, ao aumento do número de
procedimentos invasivos e ao uso prolongado e indiscriminado de antibióticos. A atual
droga de escolha para o tratamento de PBE segundo a literatura é a cefotaxima, com
posterior direcionamento do antibiótico conforme cultura. Questiona-se o uso de
cefotaxima como opção de antibioticoterapia empírica na instituição estudada, devido
a amostra de bactérias encontrada, uma vez que podemos relatar presença de
enterococos, Acinetobacter e múltiplos germes gram-positivos nos LA dos pacientes
estudados; além disso há presença de germe gram-negativo Klebsiella já resistente à
cefalosporina de terceira geração.
CONCLUSÃO: Torna-se necessário conhecimento da flora de cada instituição para
escolha e direcionamento da antibioticoterapia.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
Patricia Paraboni Bersaghi, Andreza Gauterio Cavalcanti, Carla Bortolin Fonseca, Fernando Sehbe Fedrizzi, Gabriela Moura Hining, Georgia Onzi, Mariana Navrotzki Chilanti Teske, Renata Sehbe Fedrizzi